Brasil, 9 de maio de 2025
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Brasil e China: parcerias estratégicas em tempos de crise

O fortalecimento de laços Brasil-China busca novas oportunidades em meio a tensões geopolíticas e econômicas.

No último ano, as relações entre Brasil e China ganharam uma nova dimensão com a assinatura de 37 acordos de cooperação pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar disso, o Brasil optou por não se incorporar formalmente à Iniciativa Cinturão e Rota (ICR), projeto de investimentos global da China, ao contrário de vários vizinhos latino-americanos. Esse movimento gera discussões importantes sobre o futuro da cooperação entre os dois países e suas implicações no cenário internacional.

Uma parceria estratégica em evolução

Desde o estabelecimento das relações diplomáticas em 1974, Brasil e China passaram por diversas elevações em suas relações. A primeira ocorreu em 1993, com a parceria estratégica, e a segunda em 2012, quando a relação foi ampliada para uma parceria abrangente. Em 2023, ambos os países se comprometeram a construir uma “comunidade com futuro compartilhado”, que visa promover um mundo mais justo e sustentável.

Esse movimento, que foi um destaque na presidência brasileira do G20 em 2024, destaca a busca de ambos os países por maior unidade nas questões internacionais e a necessidade de fortalecer os laços econômicos e sociais. A declaração de Lula e do presidente chinês Xi Jinping reflete uma visão alinhada em relação aos desafios globais atuais, embora a ausência formal do Brasil na ICR paire no debate.

Os desdobramentos da não adesão à ICR

O Brasil não se juntou à Iniciativa Cinturão e Rota por uma série de razões, incluindo preocupações internas e externas sobre a maneira como esses acordos poderiam impactar a soberania nacional e a economia local. Jiang Shixue, diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Xangai, aponta que, apesar da recusa em se chamar aliado da ICR, o Brasil já está, na prática, associado a essa iniciativa por meio dos acordos de cooperação assinados.

“Quando se assina um documento no quadro da ICR, isso demonstra uma vontade política de cooperar com a China, o que ajuda a institucionalizar a colaboração”, afirma Jiang. Ele enfatiza que a China continuará a investir e a comercializar com o Brasil independentemente da formalização na ICR, uma vez que as relações comerciais são intrinsecamente complexas e vantajosas para ambas as partes.

A importância da compreensão mútua nas relações Brasil-China

Uma das principais barreiras que afetam as relações comerciais entre Brasil e China são os mal-entendidos sobre os efeitos da presença econômica chinesa na América Latina. Muitos acreditam que os investimentos da China contribuíram para a desindustrialização da região. No entanto, Jiang defende que essa desindustrialização teve suas raízes em crises anteriores, como a crise da dívida na década de 1980, e que os investimentos chineses, na verdade, colaboraram para retardar esse processo.

“Os empréstimos chineses representam apenas uma fração da dívida total da América Latina e, frequentemente, são alocados em setores produtivos”, destaca Jiang. Essa perspectiva é crucial para o entendimento adequado da importância dos laços econômico-comerciais e dos potenciais benefícios que podem advir da colaboração mútua.

Navegando em um cenário geopolítico tenso

As tensões geopolíticas, como a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, também afetam diretamente a dinâmica das relações Brasil-China. Jiang acredita que, independentemente da postura dos EUA, a China continuará a consolidar suas relações com a América Latina. O Brasil, como a maior economia da região, desempenha um papel fundamental nesse cenário, aproveitando a oportunidade de oferecer mais produtos para o mercado chinês, especialmente ao contrário da crescente demanda por produtos norte-americanos.

No contexto do Brics, uma colaboração mais eficaz entre os países membros é vital para enfrentar as pressões do hegemonismo e do protecionismo. Jiang enfatiza que para avançar efetivamente, o Brics deve garantir uma cooperação econômica sólida e focada, envolvendo todos os seus membros, e não apenas ações bilaterais, que, embora importantes, não refletem a força coletiva do grupo.

Olhando para o futuro

O futuro da relação Brasil-China está cercado de incertezas, mas uma coisa é clara: a possibilidade de uma parceria ainda mais forte poderá trazer benefícios significativos. A capacidade de ambos os países de superar polarizações políticas internas e se unir em torno de uma agenda comum de desenvolvimento sustentável pode abrir portas para novas oportunidades econômicas e sociais. Enquanto isso, o Brasil precisa adotar uma postura clara diante da ICR e explorar o potencial de sua parceria estratégica com a China para garantir um futuro mais próspero e colaborativo.

Em suma, a relação entre Brasil e China continua a evoluir, enfrentando desafios e explorando oportunidades em um mundo dinâmico. A capacidade de navegar por tais complexidades será fundamental para o sucesso diante dos novos cenários globais.

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