Brasil, 7 de julho de 2025
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Brasil e China na corrida pela inteligência artificial

Países buscam protagonismo global em tecnologia com planos distintos e investimentos significativos.

A competição global pela liderança em inteligência artificial (IA) intensifica-se, com Brasil e China traçando estratégias distintas para consolidar sua posição no cenário tecnológico. Enquanto a China, com um modelo de economia planificada, avança rapidamente em seu desenvolvimento de IA, o Brasil busca encontrar seu espaço em meio a uma série de iniciativas e planos governamentais.

O avanço da China em inteligência artificial

As autoridades chinesas têm investido fortemente na Inteligência Artificial, com um plano estruturado que foi iniciado há 20 anos, culminando no “Plano de Desenvolvimento de Nova Geração de Inteligência Artificial”, lançado em 2017. Esta iniciativa visa tornar a China a líder global em IA até 2030. Acelerando o processo, a China apresentou ao mundo a DeepSeek em 2025, uma IA generativa que se destaca por ser competitiva e oferecer custos reduzidos em comparação ao ChatGPT.

Denis Balaguer, diretor de inovação da EY para a América Latina, observa que a transformação da China de “made in China” para “invented in China” ressalta uma nova trajetória de inovação. A entrada do país na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001 foi decisiva para fortalecer suas cadeias produtivas e impulsionar a inovação.

O papel das universidades e infraestrutura em IA

De acordo com Luca Belli, professor da FGV Direito Rio, universidades e instituições de pesquisa foram fundamentais para explorar o potencial da IA na China. O professor enfatiza que a infraestrutura básica, como conectividade móvel 4G e 5G e o aumento de fontes de energia, foi essencial para suportar esse crescimento. Vladimir Pinto Coelho Feijó, professor de Comércio Exterior do Centro Universitário Arnaldo Janssen, destaca que a China planejou investimentos significativos, totalizando US$ 138 bilhões (cerca de R$ 777,4 bilhões), em três fases para promover a IA em diversos setores.

A China implementou um modelo com campeãs nacionais em setores críticos como serviços públicos e saúde, com empresas como Alibaba e Tencent fazendo avanços que moldam o futuro tecnológico do país. Embora a Huawei não seja classificada como uma campeã nacional, sua importância na estratégia tecnológica chinesa é inegável, à medida que a empresa continua a inovar e a investir em pesquisa e desenvolvimento.

Iniciativas brasileiras em inteligência artificial

No Brasil, o Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) apresentou em agosto de 2024 o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), um esforço que visa fomentar o uso e desenvolvimento da IA no país. A estratégia destaca a necessidade de uma abordagem coordenada para a transformação digital, reativando o Comitê Interministerial que visa integrar as diversas iniciativas em andamento. O PBIA já prevê um investimento de R$ 23 bilhões até 2028, incluindo um supercomputador de alto desempenho, que estará entre os cinco mais potentes do mundo, a ser administrado em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Luis Fernandes, secretário-executivo do MCTI, destaca as lições aprendidas com a China, enfatizando o investimento contínuo em ciência e tecnologia. Contudo, ele alerta para a necessidade de evitar erros passados, como desconsiderar as fontes de energia necessárias para suportar a demanda gerada pela IA, enfatizando a sustentabilidade como um pilar fundamental da estratégia brasileira.

Desafios e oportunidades

Enquanto o Brasil caminha em direção a uma estratégia mais focada em IA, muitos críticos apontam que o país ainda enfrenta desafios como a fragmentação das iniciativas governamentais. No entanto, o avanço do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) da Universidade Federal de Goiás, que já desenvolveu soluções para 71 empresas, é um exemplo de que há potencial para crescimento e inovação no Brasil.

Com investimentos substanciais em P&D e uma mentalidade focada na criação de hubs tecnológicos, o Brasil pode, eventualmente, estabelecer sua própria identidade no domínio da IA. Como Anderson Soares, coordenador científico do Ceia, afirma: “Investimos R$ 300 milhões nos últimos cinco anos e temos mais de 60 projetos em andamento”. É um sinal claro de que, embora o Brasil ainda tenha um longo caminho pela frente, há um caminho promissor à vista.

Portanto, enquanto Brasil e China competem pela liderança em inteligência artificial, cada um tem sua trajetória e desafios específicos. O Brasil está se estruturando para não apenas acompanhar, mas potencialmente se destacar nesse campo vital, apostando na inovação e na sustentabilidade como suas bandeiras.

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