Recentemente, o Palácio do Planalto tomou uma atitude estratégica para responder a um vídeo polêmico do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). No vídeo de mais de seis minutos, o deputado acusa o governo Lula de não ter tomado as devidas providências para investigar os descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS. Diante da repercussão da gravação, ministros do governo convocaram um grupo de parlamentares para traçar uma resposta eficaz às acusações feitas por Ferreira.
Reunião de emergência no Planalto
A reunião de emergência ocorreu na tarde de quarta-feira no gabinete da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Estiveram presentes ministros importantes, como Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação Social, Wolney Queiroz, da Previdência, e Vinicius Carvalho, da Controladoria-Geral da União (CGU). O objetivo principal foi planejar uma estratégia de comunicação e articular uma retaliação política ao ataque de Ferreira.
Durante o encontro, ficou claro que a meta é que os deputados da base aliada grave vídeos rebatendo a narrativa de Nikolas, pois, segundo a visão do Palácio do Planalto, é fundamental que a base se posicione diante do ataque vindo da oposição. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, chegou a publicar um vídeo onde chama Ferreira de mentiroso, vinculando os problemas relacionados ao INSS à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A necessidade de uma narrativa eficaz
Os parlamentares presentes na reunião enfatizaram a importância de adotar uma abordagem mais firme por parte do governo, ressaltando que muitas vezes a população não tem conhecimento do papel de órgãos como a CGU e a Polícia Federal nas investigações sobre as fraudes relacionadas aos descontos do INSS. Eles defenderam que o governo deve ser mais claro ao comunicar que está, de fato, investigando o problema e atua no combate a práticas ilegais.
A crítica entre os deputados se concentra no fato de que o governo Lula parece estar perdendo a narrativa em relação aos episódios de fraude no INSS. Há preocupações de que, se não houver uma resposta rápida e organizada, o escândalo possa gerar repercussões ainda mais negativas para a popularidade do governo do que a crise do PIX, que já resultou em uma queda acentuada na aceitação pública de Lula.
O impacto do vídeo de Nikolas Ferreira
O vídeo de Nikolas Ferreira, que já alcançou quase 90 milhões de visualizações, não apenas critica a atuação do governo atual, mas também argumenta que o INSS enfrenta o “maior escândalo da História do Brasil.” Ferreira menciona que durante o governo anterior, as responsabilidades eram atribuídas exclusivamente ao presidente, e questiona por que atualmente isso não parece ser o caso.
É importante ressaltar que, em 2019, o ex-presidente Jair Bolsonaro editou uma Medida Provisória (MP) que determinava a revisão anual dos descontos do INSS. No entanto, o Congresso alterou a regra, estabelecendo uma análise a cada três anos e, posteriormente, revogou essa exigência.
Investigações em andamento e consequências
De acordo com dados da Controladoria Geral da União (CGU), houve um aumento expressivo nos descontos indevidos entre 2016 e 2023. De R$ 400 milhões a R$ 550 milhões por ano, a quantia subiu para R$ 2,6 bilhões em 2023. Isso acendeu um grande alerta para o governo, que instituiu uma operação nacional para investigar a fraude associativa em aposentadorias e pensões. A operação, deflagrada pela Polícia Federal e pela CGU, já identificou que até R$ 6,3 bilhões podem ter sido descontados indevidamente entre 2019 e 2024.
As investigações revelaram que muitos descontos foram realizados como se os beneficiários tivessem concordado em se tornar membros de associações, quando, na realidade, isso não aconteceu. Em resposta a essa situação, o governo suspendeu todos os acordos que previam esses descontos nas aposentadorias.
Com a mobilização dos parlamentares e as investigações em andamento, o governo Lula tenta recuperar o controle da narrativa e demonstrar à população que está atuando para erradicar as fraudes e proteger os direitos dos beneficiários do INSS. Contudo, a batalha pela percepção pública está longe de ser encerrada.
