Em uma entrevista reveladora, o novo prefeito do Dicastério para os Bispos, dom Robert Francis Prevost, compartilha seus pensamentos sobre a missão dos bispos e os desafios que a Igreja enfrenta atualmente, em especial a necessidade de promover a unidade e a proximidade entre a comunidade católica.
A transição de missionário para bispo
Nascido em Chicago e com uma vasta experiência missionária na América Latina, dom Prevost reflete sobre a mudança de sua atuação. “Ainda me considero um missionário”, afirma. Ele destacou que sua vocação é anunciar o Evangelho de forma universal, e que esta nova função na Cúria Romana representa uma oportunidade de servir à Igreja em uma escala diferente.
O bispo enfatiza que uma das principais qualidades necessárias para o episcopado moderno é a capacidade de ser “católico”, ou seja, ter uma visão ampla da Igreja e aprender a ouvir e buscar conselhos. Este mesmo espírito de proximidade deve ser aplicado à relação com os sacerdotes e a comunidade, reforçando que a autoridade do bispo é de servir e acompanhar, e não se afastar em uma posição de isolamento.
A importância da unidade na Igreja
Dom Prevost destaca que a polarização presente dentro da Igreja reflete um desafio maior na sociedade atual. A promoção da unidade é um chamado essencial para os bispos, que têm a responsabilidade de trabalhar em direção a uma comunhão que una a todos aos ensinamentos de Pedro. “Divisões e polêmicas na Igreja não ajudam em nada”, destaca, reiterando a necessidade de acelerar o processo de unidade e de fortalecer os vínculos com o Papa.
Ele lembra que, durante a Última Ceia, Jesus pediu que todos fossem um, um exemplo que ainda é crucial para a Igreja de hoje. A crescente polarização, afirma, é uma ferida que deve ser tratada com urgência, e os bispos têm um papel vital na cura dessas divisões.
Designação de novos bispos e a voz do povo
No que diz respeito à nomeação de novos bispos, dom Prevost menciona que o processo está se tornando mais inclusivo. “Estamos ouvindo não apenas bispos e sacerdotes, mas também outros membros do povo de Deus”, explica. Ele reafirma que, embora a Igreja local não deva ter o poder de escolher seu bispo como em um voto democrático, a opinião da comunidade é crucial para a eficácia do serviço episcopal.
Sobre a inclusão de mulheres no Dicastério para os Bispos, ele observa que a perspectiva feminina enriquece o debate e traz novas contribuições significativas, indicando que essa mudança representa mais do que um mero gesto, mas um verdadeiro engajamento na missão da Igreja.
Desafios relacionados aos abusos
Dom Prevost também toca em um tema delicado: a resposta da Igreja aos abusos. Ele enfatiza a urgência de ser transparente e de acolher as vítimas, reconhecendo que a dor causada por abusos precisa ser abordada com seriedade. “Não podemos fechar o coração às pessoas que sofreram por abusos”, diz ele, frisando a necessidade de um trabalho contínuo para melhorar não só as normas, mas também as mentalidades a respeito da pastoral das vítimas.
O papel do bispo no Sínodo sobre sinodalidade
Em relação ao Sínodo sobre a sinodalidade, dom Prevost menciona que há uma grande oportunidade para a renovação da Igreja. Ele reconhece que alguns bispos podem estar ansiosos com as mudanças, mas acredita que o Espírito Santo está guiando esse processo. “Não se trata apenas de mudar algumas práticas, mas de uma renovação profunda”, afirma.
A relação entre bispos e redes sociais
Por fim, o bispo aborda o impacto das redes sociais na comunicação do Evangelho. Ele reconhece que essas plataformas oferecem uma oportunidade de espalhar a mensagem, mas que seu uso deve ser ponderado. Uma abordagem cuidadosa é essencial para evitar divisões e manter a comunhão dentro da Igreja.
A entrevista com dom Robert Prevost oferece uma visão inspiradora sobre o papel contemporâneo dos bispos e os desafios que a Igreja enfrenta ao promover a unidade e a proximidade com o povo. Em tempos de polarização, suas palavras destacam a importância de uma liderança que escuta, serve e comunica a beleza da fé cristã.
Para saber mais sobre a entrevista na íntegra, você pode acessar o link aqui.