Na última quinta-feira, o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) revelou que as cidades do interior de São Paulo e do Paraná se destacaram como as mais desenvolvidas do Brasil na última década. Essa pesquisa considera fatores cruciais como saúde, educação, e geração de emprego e renda, oferecendo um panorama detalhado sobre o progresso municipal no país.
Índice Firjan: um panorama do desenvolvimento municipal
O estudo abrange 5.550 municípios brasileiros e analisa sua evolução ao longo de dez anos, entre 2013 e 2023. Os dados são extraídos de informações oficiais e refletem o desempenho das cidades em saúde, educação e geração de renda. Este relatório é uma ferramenta vital para entender as disparidades de desenvolvimento no Brasil.
Águas de São Pedro (SP) lidera a lista das cidades mais desenvolvidas com um impressionante índice de 0,9676 em 2023. Com menos de 3 mil habitantes, segundo o Censo 2022 do IBGE, essa cidade é a menor do estado e a segunda menor do país, ocupando apenas 3,61 quilômetros quadrados. Para efeito de comparação, sua área é menor que o bairro do Itaim Bibi, em São Paulo, que possui 10 quilômetros quadrados.
Top 10 cidades mais desenvolvidas
Além de Águas de São Pedro, outras cidades que também se destacam são São Caetano do Sul (SP), Maringá (PR) e Americana (SP), todas elas com índices superiores a 0,88. A única capital que conseguiu incluir-se na lista das cidades mais desenvolvidas foi Curitiba (PR). Esses municípios se beneficiaram de políticas públicas de longo prazo e bons gestores ao longo da década, segundo Jonathas Goulart, gerente de estudos econômicos da Firjan.
O impacto das políticas públicas
Jonathas enfatiza que o sucesso dessas cidades não tem uma fórmula única. Cada uma possui características econômicas e administrativas distintas, mas o que realmente faz a diferença é a continuidade das políticas públicas bem estruturadas. No caso de Águas de São Pedro, por exemplo, o município tem sido foco de investimentos que privilegiam a educação e a saúde, refletindo na qualidade de vida dos cidadãos.
“Os resultados em saúde e educação são visíveis, mas você só consegue ter um resultado efetivo depois de um bom tempo. É necessário formar professores, investir na rede, e esses resultados aparecem ao longo dos anos”, conclui Jonathas.
Desafios enfrentados pelas cidades menos desenvolvidas
Por outro lado, as cidades do Norte e Nordeste, historicamente, apresentam os piores índices de desenvolvimento. A cidade de Ipixuna (AM) foi classificada como a menos desenvolvida em 2023, com um índice de 0,1485. Outros municípios, como Jenipapo dos Vieiras (MA), Uiramutã (RR) e Oeiras do Pará (PA), também figuram entre os últimos colocados.
Estes municípios enfrentam sérios desafios, como infraestrutura precária, falta de profissionais de saúde e educação e um mercado de trabalho incipiente. Especialistas ressaltam que a situação geográfica desfavorável agrava ainda mais as dificuldades de acesso a serviços básicos. “Essas regiões são distantes e de difícil acesso, o que compromete ainda mais a qualidade da saúde e da educação”, afirma Marcio Felipe Afonso, especialista em estudos econômicos da Firjan.
Conclusão: um olhar para o futuro
O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal é uma importante ferramenta não só para entender o presente, mas também para planejar um futuro melhor. Ao ressaltar as conquistas das cidades do interior, o estudo nos leva a refletir sobre a importância de políticas públicas eficazes e investimento em educação e saúde, que são fundamentais para assegurar um desenvolvimento equitativo em todo o Brasil.
Além dos indicadores apresentados, é essencial que as cidades menos favorecidas também recebam atenção e investimento, de modo a reverter a desigualdade existente e promover um crescimento sustentável e inclusivo para todos os brasileiros.