Brasil, 10 de maio de 2025
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A guerra comercial entre EUA e China e o futuro das startups no Brasil

A guerra comercial pode impulsionar investimentos em startups brasileiras, que se adaptam a um novo cenário global.

A escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China tornou o cenário global mais instável, e os juros americanos, mais resistentes à queda. Com isso, a janela para abertura de capital na Bolsa segue fechada e só deve voltar a ganhar fôlego a partir de 2026. Ainda assim, o que se ouviu nas principais mesas sobre capital de risco no Web Summit Rio foi otimismo: os investimentos em startups já começaram a voltar, e o Brasil está bem posicionado nesse novo ciclo.

Uma nova lógica de investimento

A lógica de investimentos em startups, no entanto, mudou drasticamente. Crescer rápido já não é o suficiente; agora é preciso reunir receitas consistentes, uma equipe experiente e um modelo de negócio robusto. As melhores oportunidades estão nas necessidades reais do mercado: investidores estão apostando fortemente em fintechs, startups de saúde, educação e soluções climáticas, sempre apoiadas pela inteligência artificial.

Para Hernán Kazah, cofundador da Kaszek, a maior gestora de capital de risco da América Latina, a guerra comercial entre EUA e China pode, de fato, favorecer o Brasil e a América Latina. Ele sugere que o deslocamento da produção da China para os EUA, por conta das tarifas, poderá abrir espaço para que a região atraia investimentos anteriormente direcionados à Ásia.

Otimismo no cenário latino-americano

“Estamos no meio dessa dança estranha. As tarifas aumentam, depois caem. Mas, em termos de cenário no médio e longo prazos, não muda”, afirma Kazah, referindo-se à relativa estabilidade na região em meio à turbulência global. Ele acredita que a América Latina está em uma boa posição e segue com potencial para um desenvolvimento contínuo.

Kazah está particularmente otimista com o avanço das fintechs, especialmente no segmento empresarial (B2B), e vê no Brasil uma posição central na transformação global em startups climáticas. Ele também revelou sua visão positiva em relação às áreas de saúde e educação.

Transformações tecnológicas e oportunidades

Santiago Fossatti, sócio de Kazah na Kaszek, compartilha essa visão otimista. Ele destaca que a emergência de tecnologias, como os modelos de linguagem generativa (LLMs), está abrindo espaço para novos negócios que, até pouco tempo atrás, pareciam inviáveis. O ecossistema de startups também amadureceu, com muitos fundadores atuando como empreendedores de segunda viagem ou ex-funcionários de startups de alto crescimento, como Nubank e QuintoAndar.

Com uma perspectiva semelhante, Mike Packer, sócio da QED Investors — especializada em fintechs — acredita que tanto o Brasil quanto o México possuem mercado, talento e empreendedores suficientes para sustentar empresas que desejam abrir capital. Contudo, ele também reconhece que o cenário atual ainda é desafiador, mas vê entre 12 a 18 empresas prontas para o IPO após um ciclo de mais de dez anos de investimento.

Expectativas futuras

“Não vemos IPOs no curto prazo. Mas espero que daqui a dois anos tenhamos pelo menos um ou dois concluídos”, analisa Packer. Ele enfatiza a importância de o foco estar na criação de empresas grandes, sustentáveis e lucrativas, mesmo que a abertura de capital demore a acontecer. Entre os temas que devem chamar a atenção dos investidores, ele aponta o impacto da IA nas operações empresariais, bem como soluções envolvendo stablecoins e infraestrutura de crédito.

Por outro lado, Marcello Gonçalves, cofundador da DOMO.VC, que atua como uma das principais gestoras para startups iniciantes no Brasil, permanece cético em relação aos IPOs na região, avaliando que “a régua está alta”. No entanto, ele acredita que este é um “ótimo momento para que novas startups sejam criadas”.

“Está um pouco difícil para elas captarem recursos agora. Mas esperamos que o dinheiro volte a fluir”, acrescenta Gonçalves, que vê fintechs B2B, soluções baseadas em blockchain e o uso de IA para análise de crédito como as grandes apostas para o futuro.

Com um cenário repleto de desafios e oportunidades, o Brasil se destaca como uma nação cheia de potencial para abrigar e fomentar uma nova geração de startups, especialmente em tempos de transformação global.

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