O Brasil vive um momento único em seu cenário empreendedor, onde a diversidade se torna um dos principais motores de inovação. O Web Summit Rio trouxe à tona discussões sobre como a inclusão de mulheres e negros no ambiente de negócios está não apenas transformando o mercado, mas também realçando a importância de olhar para diferentes públicos. Impulsionados por redes sociais e tecnologias como a inteligência artificial, novos negócios emergem, transformando a face do empreendedorismo nacional.
A inclusão de mulheres e negros no empreendedorismo
No evento, a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, destacou que cerca de 40% dos bilhões emprestados pela instituição a pequenas e médias empresas já estão sendo destinados a negócios geridos por mulheres. Essa mudança não é apenas um reflexo do aumento da formalização dos negócios femininos, mas também da resiliência e da busca acelerada por soluções, incluindo o acesso ao crédito.
Tarciana mencionou que, embora as mulheres estejam liderando a formalização de negócios, a maioria dos empreendedores informais ainda é composta por negros e mulheres. “Quando olhamos diferentemente para esse público, os resultados são diferentes. Investir em diversidade é também investir em rentabilidade”, afirmou Tarciana.
Fundo de investimento para negócios liderados por mulheres
O aumento da inclusão também reflete em novas iniciativas no setor de capital de risco. Um exemplo é o fundo Sororitê Ventures, criado no ano passado, com R$ 25 milhões destinados exclusivamente a startups que tenham ao menos uma mulher entre os fundadores. Para Erica Fridman, uma das sócias, “há projetos incríveis que ninguém está vendo. Quem não investe nas mulheres está perdendo dinheiro.”
Empreenda com propósito: Bianca Andrade e a diversidade
A ex-participante de reality shows e empreendedora Bianca Andrade, fundadora da marca de maquiagem Boca Rosa, é um exemplo notável dessa nova onda. Ela enfatizou a importância de estabelecer uma conexão genuína com sua comunidade de seguidores, ouvindo suas opiniões para escalar seu negócio. Um de seus diferenciais foi a aposta em uma gama de produtos com uma diversidade de tons de pele, desenvolvendo 28 tons de base voltados para o público negro em uma linha de 50 cores.
Estratégias corporativas que priorizam a diversidade
As grandes empresas também estão atentas a essa transformação. A L’Oréal, por exemplo, lançou em 2024 o programa “Beleza Mais Diversa”, destinado a impulsionar a carreira de influenciadores negros, surgindo após um estudo que revelou que 98% dos negros brasileiros não se sentiam representados nas redes sociais. Marcelo Zimet, presidente da L’Oréal no Brasil, afirmou que o foco é trazer novos criadores negros ao mercado, reforçando a necessidade de novas vozes e experiências.
Após as primeiras edições do programa, 70% dos criadores foram contratados por marcas da L’Oréal, demonstrando que a falta de diversidade pode resultar em reações negativas do público e que incorporar essas vozes ajuda a construir marcas mais representativas.
Desafios e reações do mercado
Contudo, a ausência de diversidade ainda gera controvérsias. A influenciadora Mariana Saad enfrentou críticas ao lançar sua marca de maquiagem, Mascavo, por não considerar a diversidade em suas tonalidades. Em resposta ao feedback, ela se comprometeu a ampliar o foco em desenvolver produtos que assegurem um portfólio diversificado. Isso destaca a importância do feedback do consumidor e do compromisso com a inclusão no desenvolvimento de novos produtos.
Ao final, fica claro que a diversidade não é apenas um conceito a ser difundido, mas uma estratégia comprovada que pode gerar resultados positivos no mundo dos negócios. O panorama brasileiro de inovação e empreendedorismo está se moldando por meio da inclusão, oferecendo um espaço mais justo e igualitário para todos. À medida que essa nova onda de inovação se expande, o Brasil parece estar no caminho certo para se tornar um exemplo global em diversidade e inclusão no empreendedorismo.