No ano de 2024, o rendimento médio das famílias brasileiras alcançou um nível recorde, diferentemente do que foi observado em 2023. Desta vez, o aumento na renda foi acompanhado de uma diminuição na desigualdade social, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira. Essa mudança significativa no panorama socioeconômico do Brasil marca um passo importante para a melhoria das condições de vida da população mais vulnerável.
A concentração de renda em queda
Depois de permanecer estagnada em 2023, a concentração de renda no Brasil caiu em 2024, atingindo o menor nível da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), que teve início em 2012, renovando a mínima registrada em 2022. O Índice de Gini, que mede a desigualdade de renda em uma escala de 0 a 1, ficou em 0,506 em 2024, inferior ao índice de 0,518 registrado em 2022 e 2023. Essa redução na desigualdade foi impulsionada pelo crescimento do rendimento domiciliar entre os mais pobres, que superou o crescimento registrado pelos mais ricos.
Gustavo Fontes, analista da Pnad-C, explica que “as classes mais baixas da distribuição de renda tiveram um crescimento do rendimento domiciliar per capita acima da média”.
Crescimento da renda entre os mais pobres
Enquanto a média nacional do rendimento por pessoa das famílias aumentou em 4,7% em 2024 em relação a 2023, o valor saltou 17,6% para os 5% da população com menores rendimentos. Apesar desse crescimento expressivo, o rendimento domiciliar médio dos que estão na base da pirâmide econômica foi de apenas R$ 154 por pessoa por mês. Isso corresponde a uma família formada por um casal e dois filhos que vive com pouco mais de R$ 600 mensais.
Em contraste, entre os 10% mais ricos, ou seja, aqueles que ganham acima de R$ 4.040 mensais por pessoa, o rendimento domiciliar médio cresceu apenas 1,5% em 2024. O rendimento médio para essa faixa foi de R$ 8.034 por pessoa a cada mês, o que equivale a aproximadamente R$ 32.100 mensais para uma família composta por um casal e dois filhos em idade escolar.
Fatores que contribuíram para a redução da desigualdade
De acordo com o IBGE, a redução na desigualdade de renda em 2024 não pode ser atribuída exclusivamente aos programas sociais de transferência de renda. O comportamento do mercado de trabalho no ano passado foi um fator essencial, com os rendimentos médios subindo mais significativamente para aqueles que ganham menos. “Nos três últimos anos, o mercado de trabalho se apresentou de forma dinâmica, beneficiando classes com menor rendimento”, afirmam os especialistas do IBGE.
Esse movimento ascendente foi estimulado tanto pela geração de novos postos de trabalho quanto pela política de reajuste do salário mínimo, que teve um impacto positivo nas remunerações. Os reajustes salariais também beneficiaram aposentadorias, pensões e outros tipos de rendimentos, se refletindo nos programas sociais, como o Bolsa Família.
“Na comparação com 2019, houve uma clara expansão dos domicílios abrangidos pelo programa Bolsa Família e um aumento nos valores médios pagos com o benefício”, complementou Fontes, ressaltando a importância destas políticas na redução da desigualdade.
A perspectiva para o futuro
Com os dados apresentados, é possível notar que o Brasil está em um caminho de transformação social e econômica. A melhoria contínua nos indicadores de renda, especialmente entre os mais pobres, associada à redução da desigualdade, pode indicar que, com políticas públicas efetivas e um mercado de trabalho mais justo, o país pode trilhar um futuro mais promissor para todos os seus cidadãos.
No entanto, a luta pela equidade social deve continuar em pauta, pois, apesar dos avanços, ainda são muitos os desafios à frente. O próximo passo será garantir que esses ganhos sejam sustentáveis e que todas as regiões do Brasil possam se beneficiar dessa melhoria nas condições de vida.