O Brasil enfrentou um desafio significativo em suas balanças comerciais em abril de 2024. O superávit, que é a diferença positiva entre exportações e importações, registrou uma queda em relação ao mesmo mês do ano anterior, conforme divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Em abril, as exportações superaram as importações em US$ 8,153 bilhões, refletindo um cenário complexo para a economia nacional.
Desempenho do superávit comercial
O superávit da balança comercial caiu 3,3% em comparação a abril de 2023, colocando o resultado em quarto lugar entre os melhores meses de abril da série histórica, apenas atrás dos registros de 2021, 2022 e 2023. Apesar dessa queda, o saldo acumulado nos quatro primeiros meses de 2024 resultou em um superávit total de US$ 17,728 bilhões, embora representasse uma diminuição significativa de 34,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa redução é atribuída ao déficit registrado em fevereiro, causado por uma importação significativa de uma plataforma de petróleo.
O aumento nas exportações e importações em abril de 2024 atingiu números recordes. O Brasil exportou US$ 30,409 bilhões, um crescimento de 0,3% frente ao mesmo mês do ano anterior, enquanto as importações totalizaram US$ 22,256 bilhões, uma alta de 1,6%. Este foi o maior valor já registrado para ambas as operações desde o início da série histórica em 1989.
Impacto das commodities nas exportações
Nas exportações, o desempenho foi puxado por resultados mistos. As vendas externas de soja, um dos principais produtos agrícolas do Brasil, apresentaram uma queda de 6,1% em relação a abril de 2023, devido à diminuição de 9,7% nos preços médios. Da mesma maneira, as vendas de minério de ferro recuaram 14,3%, também influenciadas por uma queda de 16,4% nos preços médios internacionais. Assim, a queda nos preços das commodities impactou diretamente os resultados das exportações.
Entretanto, as vendas de produtos como carne bovina e veículos se destacaram, compensando as perdas de outras áreas. O aumento dos preços do café e da carne bovina ajudaram a equilibrar o cenário, contribuindo para a manutenção do superávit comercial.
Recorde nas importações
O lado das importações também apresentou um desempenho notável, com o valor das aquisições de motores, máquinas e medicamentos aumentando. Especialmente notável foi a alta nas importações de fertilizantes, que cresceram US$ 327,4 milhões, equivalendo a um aumento de 36,2% em comparação a abril do ano passado. Essa busca por insumos se alinha com as necessidades do setor agropecuário e industrial, refletindo uma recuperação parcial da economia após desafios enfrentados nos últimos anos.
Volume e preços de exportações
No mês passado, o volume total de mercadorias exportadas apresentou uma leve redução de 0,5%, puxado pela diminuição na quantidade de café e cobre vendidos. Os preços médios das mercadorias exportadas subiram apenas 0,8% em comparação a abril de 2023. Já nas importações, a quantidade comprada apresentou um aumento de 4,4%, impulsionada pelo crescimento econômico, mas os preços médios diminuíram 2,9%, refletindo a queda nos valores das commodities.
Perspectivas e estimativas futuras
As previsões mais recentes do Mdic sugerem que o superávit da balança comercial deverá atingir US$ 70,2 bilhões em 2024, uma queda de 5,4% em comparação ao ano anterior. As próximas projeções, que levarão em conta os efeitos de turbulências econômicas como as tarifas comerciais impostas por Donald Trump, serão divulgadas em julho. Para 2025, as estimativas indicam um aumento nas exportações de 4,8%, encerrando o ano em US$ 353,1 bilhões, enquanto as importações devem crescer 7,6%, chegando a US$ 282,9 bilhões.
Esses números mais pessimistas contrastam com as expectativas do mercado financeiro, que preveem um superávit de US$ 75 bilhões para este ano, segundo o boletim Focus do Banco Central. O cenário atual evidencia a complexidade das relações comerciais do Brasil em um contexto de desafios globais e região.
Com essas variações na balança comercial, o Brasil precisa se preparar para os impactos de um mercado internacional em constante mudança e buscar estratégias que possam estabilizar e fortalecer sua economia em um futuro não tão distante.