Na tarde desta quarta-feira (7), uma manifestação em Brasília, liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em apoio à anistia dos envolvidos nos ataques aos Três Poderes ocorridos em 8 de janeiro de 2023, reuniu aproximadamente 4 mil pessoas. A contagem foi realizada através de um método inovador desenvolvido pelo Monitor do Debate Político do Cebrap e a ONG More in Common, que utiliza imagens aéreas capturadas por drones e analisadas por Inteligência Artificial.
A contagem e metodologia do público presente
O pico da manifestação foi registrado às 16h30, nas proximidades da Catedral Metropolitana. Segundo a análise, foram capturadas fotos em quatro horários diferentes (15h30, 16h00, 16h30 e 17h25), totalizando 40 imagens que serviram para a avaliação. As nove fotos tiradas no momento de maior concentração foram selecionadas, garantindo uma cobertura total do evento.
A técnica utilizada, chamada Point to Point Network (P2PNet), foi criada por pesquisadores da Universidade de Chequião, na China, e pela empresa Tencent. O software, treinado com um banco de dados de imagens de multidões coletadas por universidades, é capaz de identificar e marcar automaticamente os indivíduos presentes nas fotos, garantindo uma contagem precisa mesmo em áreas densas.
O método desenvolvido possui uma precisão de 72,9% e uma acurácia de 69,5%, resultando em uma margem de erro percentual absoluto média de 12% para mais ou para menos em manifestações com mais de 500 pessoas.
Comparaçõe com atos anteriores
No contexto das mobilizações lideradas por Bolsonaro, é importante destacar que, em abril, outra manifestação convocada pelo ex-presidente e seus aliados em São Paulo atraiu cerca de 44,9 mil manifestantes. Em fevereiro de 2024, um ato no mesmo local contou com a participação de 185 mil pessoas. Em março deste ano, uma manifestação em Copacabana, no Rio de Janeiro, reuniu 18,3 mil participantes.
O andamento da manifestação em Brasília
A concentração dos manifestantes teve início por volta das 16h, na antiga Funarte, e seguiu em passeata pelo Eixo Monumental até a Avenida José Sarney, próxima ao Congresso Nacional. O protesto se encerrou antes das 18h. Jair Bolsonaro, que havia recebido alta hospitalar há poucos dias após uma cirurgia, participou do ato em um trio elétrico, acompanhado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Opiniões sobre a anistia
De acordo com uma pesquisa realizada pela Quaest e divulgada em abril, 56% da população brasileira se opõe à anistia para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, enquanto 34% defendem que o grupo deveria ser libertado, seja porque a prisão não deveria ter ocorrido ou devido ao tempo que já cumpriram encarcerados. Os dados foram coletados de 2.004 entrevistados entre 27 e 31 de março, apresentando uma margem de erro de 2 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%.
Frente aos dados apresentados, torna-se evidente que, embora a manifestação tenha mobilizado um número considerável de participantes, a posição da maioria da população ainda é contrária à anistia, refletindo um cenário de polarização e debate intenso sobre o tema.
Conclusão
O ato em Brasília não só evidenciou a mobilização dos apoiadores de Jair Bolsonaro em torno da anistia, mas também gerou discussões sobre a legitimidade das suas demandas e sentimentos da população em geral. À medida que o país avança em um panorama político complexo, as manifestações continuarão a desempenhar um papel crucial na definição dos rumos do debate democrático no Brasil.