Um novo relatório da ONU, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado nesta terça-feira (6), revela que o Brasil perde 24% de sua nota no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) quando são levadas em conta as desigualdades no acesso à saúde, educação e renda. O impacto é tão profundo que o país despenca 21 posições no ranking global, ficando entre os piores desempenhos do grupo de nações com alto desenvolvimento humano.
O IDH é um indicador que avalia o progresso de um país em três pilares fundamentais: longevidade, acesso à educação e renda. No entanto, quando ajustado para refletir as desigualdades sociais — um critério denominado IDH-D — o retrato brasileiro revela enormes disparidades que comprometem o avanço real da população como um todo.
Brasil entre os piores do grupo de alto desenvolvimento
Entre os 50 países que fazem parte do grupo de alto desenvolvimento humano, o Brasil aparece com um dos piores desempenhos no ajuste por desigualdade, superando negativamente apenas a África do Sul e Botsuana. A queda de desempenho é comparável à da Colômbia, que também perde 24% de sua nota e cai 24 posições no ranking global ao considerar as desigualdades internas.
Esses números acendem um alerta para o abismo social que ainda separa diferentes grupos da sociedade brasileira e reforçam a necessidade de políticas públicas eficazes e estruturadas para combater a desigualdade de maneira sistêmica.
Concentração de renda evidencia desequilíbrio social
O relatório do Pnud também destaca a extrema concentração de renda no Brasil. O 1% mais rico da população brasileira detém impressionantes 21,1% de toda a renda nacional. Para efeito de comparação, na Islândia — país que lidera o ranking global de IDH — essa concentração é de apenas 8%.
Esse contraste demonstra como a má distribuição de renda impacta diretamente os indicadores sociais do país, comprometendo o acesso a serviços públicos de qualidade e perpetuando ciclos de exclusão social.
Ajuste do IDH escancara desigualdades históricas, aponta a relatório da ONU
A metodologia do IDH ajustado por desigualdade (IDH-D) é fundamental para revelar realidades muitas vezes mascaradas por médias nacionais. No caso do Brasil, a nota sem o ajuste esconde um cenário de fortes contrastes entre regiões, gêneros e classes sociais.
Ao aplicar o ajuste, fica evidente que grande parte da população ainda vive em condições muito distantes da média nacional, especialmente nas periferias urbanas e nas regiões Norte e Nordeste.
Desigualdade como obstáculo ao desenvolvimento sustentável
O relatório do Pnud aponta que a persistente desigualdade brasileira é um dos maiores entraves para o desenvolvimento sustentável e equitativo. Sem avanços significativos na redistribuição de oportunidades, dificilmente o país conseguirá melhorar seu posicionamento nos rankings globais e, mais importante, garantir bem-estar para sua população.
A queda no IDH, portanto, não é apenas uma questão estatística, mas um reflexo de um modelo de crescimento que ainda exclui milhões de brasileiros. A urgência de combater essas desigualdades é, mais do que nunca, uma prioridade nacional.