Espanha e Portugal enfrentaram nesta segunda-feira (28) o maior apagão de suas histórias, com colapso simultâneo em sistemas de energia, transporte, telecomunicações e serviços essenciais. Milhões de pessoas ficaram sem luz, internet, telefonia e transporte, revelando a vulnerabilidade das infraestruturas críticas da Península Ibérica.
Colapso elétrico sem precedentes paralisa cidades inteiras
Às 12h30 (hora local), a rede elétrica da Espanha sofreu um “zero nacional” — expressão usada para descrever um apagão completo — registrado pela Red Eléctrica de España (REE). O consumo despencou de 25.184 para 12.425 megawatts em minutos. Em Portugal, que importa 33% da sua energia da Espanha, a queda foi ainda mais drástica: 93% de corte no consumo, de 8,16 GW para 0,6 GW.
Transporte e telecomunicações entram em colapso
A pane energética causou paralisação de trens e metrôs, com 35 mil passageiros retidos em mais de cem composições. Semáforos ficaram desligados, e sistemas de trânsito foram afetados. No transporte aéreo, Portugal cancelou 96 voos e a Espanha, 45, com destaque para os aeroportos de Lisboa, Madri e Barcelona.
Na internet, o tráfego de dados em Madri caiu mais da metade, e reclamações nas operadoras dispararam. As buscas por “apagão” subiram dez vezes em cinco minutos, dominando o Google Trends com mais de 5 milhões de pesquisas.
Impacto atinge economia e rotina cotidiana
Milhares de lojas ficaram sem eletricidade, empresas recorreram a geradores e caixas eletrônicos enfrentaram longas filas. A demanda por gás natural caiu de 27 para 8 GWh/h na Espanha, e o caos provocou pedidos de cautela à população. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, pediu calma e recomendou reduzir o uso de internet e celulares.
Causas ainda são investigadas; Portugal sugere fenômeno atmosférico
As causas do apagão ainda estão sendo apuradas. Em Portugal, a Redes Energéticas Nacionais (REN) apontou como possível origem um fenômeno atmosférico incomum, com variações extremas de temperatura que teriam provocado “vibrações atmosféricas induzidas” em linhas de altíssima tensão. A França chegou a fornecer 700 megawatts de energia à Espanha para auxiliar na recuperação do sistema.