Brasil, 15 de abril de 2025
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Cresce o número de brasileiros que rejeitam Lula e Bolsonaro, mostra pesquisa Genial-Quaest

Número de eleitores que não se identificam com Lula nem com Bolsonaro chega a um terço do eleitorado, segundo a Genial-Quaest.
Jair Bolsonaro e Lula. Ilustração: Fábio Sérvio

Com um terço do eleitorado fora da polarização entre Lula e Bolsonaro, cresce o desencanto político entre brasileiros que se sentem órfãos de representatividade e frustrados com as condições de vida e promessas não cumpridas por lideranças conhecidas.

Foto: Presidência da República

Rejeição à polarização alimenta desencanto político

A pesquisa Genial/Quaest revelou um cenário preocupante para os principais atores da política nacional: 33% dos eleitores afirmam não se identificar nem com o presidente Lula (PT), nem com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Este contingente, que cresce à medida que o país se aproxima das eleições de 2026, demonstra fadiga com os discursos polarizados e insatisfação com as condições atuais de vida.

Esse grupo, apelidado de “nem Lula, nem Bolsonaro”, é composto majoritariamente por mulheres e pessoas com renda intermediária, fora da base de programas sociais como o CadÚnico. Apesar de 40% considerarem o governo Lula “regular”, muitos avaliam sua gestão como uma repetição do que foi vivido sob Bolsonaro.

Desconfiança, insegurança e perda de esperança

O projeto Plaza Publica, uma pesquisa qualitativa recente, confirmou esse desalento. Conduzido com eleitores do Rio e de São Paulo que votaram em Lula ou Bolsonaro, mas hoje estão indecisos, o levantamento captou uma deterioração na percepção de qualidade de vida. Reclamações sobre preços de alimentos, insegurança pública e descrédito generalizado se repetem.

“Está caro para comer, não tem segurança e a qualidade de vida está um lixo”, desabafou um ex-eleitor de Lula, de 45 anos. Já um jovem de 26 anos que votou duas vezes em Bolsonaro disse buscar “um novo nome”, cansado das mesmas promessas de sempre.

Lula e Bolsonaro
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Empreendedorismo de subsistência e busca por autonomia

Outro traço comum entre os “nem, nem” é a valorização do trabalho autônomo como forma de sobrevivência e independência. Muitos rejeitam tanto a estrutura do mercado formal quanto programas assistenciais, enxergando-os como símbolos de uma “cultura de escassez”.

O programa “Acredita”, lançado por Lula para apoiar microempreendedores, reflete essa tentativa de aproximação. Já aliados de Bolsonaro se posicionam contra a regulamentação de aplicativos, apostando na manutenção da informalidade como opção de liberdade econômica.

Desinformação e invisibilidade nas políticas públicas

Dados da Quaest mostram que 53% dos sem posicionamento político desconhecem a proposta do governo federal de isentar do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil. A falta de informação aponta para uma desconexão entre esse eleitorado e as ações do Estado.

A antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, da Universidade de Dublin, destaca que esse grupo anseia por reconhecimento, mas se sente à margem do debate político. “Há uma frustração grande com a perda de poder de compra e uma aspiração legítima de cidadania”, analisa.

À direita, mas sem Bolsonaro

Apesar de se alinharem com pautas conservadoras — como críticas ao “politicamente correto” e à pauta identitária —, muitos rejeitam a figura de Bolsonaro. Apoiadores do 8 de Janeiro, por exemplo, não encontram respaldo entre esses eleitores, embora haja críticas ao Supremo Tribunal Federal.

Figuras como Pablo Marçal e Tarcísio de Freitas surgem como possíveis alternativas. Mesmo assim, só são mencionados quando estimulados, o que revela um vácuo de lideranças claras nesse espectro.

Segundo o cientista político Antonio Lavareda, o futuro desse eleitor ainda é incerto: “É um grupo que votará com base na realidade material e nas opções de última hora. Está mais próximo do discurso da direita, mas sem vínculos sólidos”.

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