Pela terceira vez consecutiva, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sai enfraquecida de um congresso nacional da Rede Sustentabilidade. Durante o 6º encontro do partido, realizado neste fim de semana em Brasília, seu aliado Giovanni Mockus foi derrotado pela chapa liderada por Heloísa Helena. O novo porta-voz da legenda é o secretário de Relações Institucionais de Belo Horizonte, Paulo Lamac, ligado à ala “Rede pela Base”, que venceu com 76% dos votos.

A crise na Rede Sustentabilidade se intensifica
A nova derrota de Marina Silva evidencia a crise interna que assola a Rede Sustentabilidade. A judicialização do processo eleitoral e os embates públicos entre os grupos de Marina e Heloísa Helena marcaram o período pré-congresso. Mesmo após tentativas de barrar o pleito, a Justiça manteve a eleição, consolidando a vitória do grupo rival.
Visões ideológicas em rota de colisão
O racha entre Marina e Heloísa reflete profundas divergências sobre os rumos ideológicos da sigla. Enquanto Marina defende uma abordagem “sustentabilista progressista”, conciliando meio ambiente e economia de mercado, Heloísa prega o ecossocialismo como caminho para uma transformação radical do sistema econômico. A disputa extrapola o campo ambiental e revela desacordos sobre o alinhamento político da Rede — especialmente em relação ao governo Lula, do qual Marina participa, mas Heloísa critica abertamente.
Disputas estaduais agravam fragmentação partidária
A fragmentação da Rede também se manifesta em âmbitos estaduais. Em pelo menos cinco estados, aliados de Marina alegaram irregularidades nas filiações partidárias e promoveram ações judiciais. Na Bahia, o conflito atingiu seu ápice com a realização de duas convenções paralelas — um símbolo do caos interno vivido pela sigla.
Heloísa Helena consolida liderança e ala mais à esquerda ganha espaço
Com a vitória de Paulo Lamac, a ala mais à esquerda, liderada por Heloísa Helena, consolida sua força dentro da Rede. O resultado amplia o isolamento político de Marina Silva no partido que ela própria fundou em 2013. Coros como “A Rede que eu quero não votou no Aécio” e “Glauber Fica” durante o congresso refletem a polarização interna e a tentativa da nova direção de reescrever a identidade partidária.