A nova escalada da guerra tarifária entre Estados Unidos e China está impulsionando o setor agropecuário brasileiro no comércio global, especialmente nas exportações de soja, carne bovina e aves. A análise foi publicada neste domingo (13) pelo jornal britânico Financial Times.
Brasil ganha espaço com guerra tarifária
A disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo está abrindo caminho para o Brasil ampliar sua participação como fornecedor estratégico de alimentos. Segundo o Financial Times, o país é visto como uma “opção estável” por mercados como China e União Europeia.
Produtos como soja, carne bovina e aves já vêm apresentando alta expressiva nas exportações brasileiras. No primeiro trimestre de 2025, a venda de carne bovina à China cresceu um terço, enquanto a de aves subiu 19%, segundo a publicação britânica.

Soja brasileira avança enquanto EUA perdem espaço
A soja é um dos grandes destaques, especialmente em estados como Roraima, que vêm ampliando a produção voltada ao mercado externo. A China, por sua vez, tem imposto barreiras à entrada de carne e grãos dos EUA, incluindo soja, trigo, milho e sorgo.
O FT aponta que a participação americana nas importações de alimentos da China caiu de 20,7% em 2016 para 13,5% em 2023, enquanto a fatia brasileira subiu de 17,2% para 25,2%.
Gargalos logísticos ainda preocupam
Apesar do bom momento, especialistas alertam para desafios logísticos no Brasil. A infraestrutura portuária e de transporte ainda é um obstáculo para o escoamento da produção. No entanto, o cenário positivo pode atrair investimentos internacionais no setor de logística, melhorando o desempenho futuro do país.
União Europeia também vê Brasil como alternativa
Com os EUA em conflito comercial, a Europa também busca estreitar relações com o Brasil. A ratificação do acordo entre Mercosul e União Europeia é vista como um impulso adicional ao agronegócio brasileiro.
Segundo Pedro Cordero, da Federação Europeia de Manufatura de Alimentos, a demanda por produtos brasileiros pode pressionar os preços globais de alimentos, caso a oferta não acompanhe o ritmo.