A escalada da nova guerra comercial liderada pelos Estados Unidos, do governo Donald Trump, gerou turbulências nos mercados financeiros globais e colocou os principais bancos centrais do G7 em alerta. Nas próximas semanas, decisões cruciais sobre juros serão tomadas por autoridades monetárias da Europa e da América do Norte, que buscam equilibrar o combate à inflação com os riscos econômicos crescentes.
Banco Central Europeu deve cortar juros diante da incerteza
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, alertou que a instabilidade provocada pelas tarifas dos EUA representa uma ameaça à economia do bloco. A expectativa do mercado é de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros na reunião do dia 17 de abril, uma resposta direta à desaceleração econômica e à valorização do euro frente ao dólar.
A medida marca um contraste com a postura de 2023, quando o BCE subiu os juros mesmo após o colapso do Silicon Valley Bank, nos EUA. Desta vez, a pressão inflacionária parece menor, permitindo ao banco europeu adotar uma postura mais acomodatícia.
Canadá enfrenta dilema entre inflação e desaceleração
Enquanto isso, o Banco do Canadá avalia manter os juros inalterados em sua reunião de quarta-feira. Com tarifas americanas já afetando o consumo e o investimento empresarial, os dados de inflação ao consumidor, que saem na terça-feira, podem ser decisivos para o rumo da política monetária canadense.
O país se vê entre a necessidade de sustentar a economia e controlar as expectativas inflacionárias — especialmente com os custos de importação em alta.
Federal Reserve só decide em maio, mas mercado já reage
Nos Estados Unidos, a próxima reunião do Federal Reserve está agendada para 7 de maio. Até lá, o mercado permanece atento a sinais de possíveis cortes, sobretudo após os recentes aumentos nas tarifas sobre automóveis e autopeças importadas.
Dados econômicos mistos, como o forte crescimento nas vendas de veículos e a queda na produção industrial, elevam a incerteza sobre os rumos da taxa básica de juros. Jerome Powell, presidente do Fed, deve comentar o cenário em discurso nesta quarta-feira, em Chicago.
Guerra tarifária atinge também China e Europa
A China, alvo principal das medidas protecionistas dos EUA, anunciou retaliações ao aumentar taxas sobre todos os produtos americanos. Ainda que Pequim afirme que não pretende impor novas tarifas, os dados do PIB e da balança comercial já indicam sinais de desaceleração.
Na Europa, o impacto pode ser sentido não só na indústria, mas também na confiança do investidor. O índice ZEW, que mede o sentimento econômico na Alemanha, será divulgado na terça-feira e pode antecipar o humor do mercado antes da decisão do BCE.