O lobo terrível (Canis dirus), uma espécie que habitou a América há cerca de 10 mil anos e que inspirou tanto os lobos gigantes de Game of Thrones quanto o brasão da Casa Stark, está de volta. Embora não se trate de um milagre, mas sim de uma ousada iniciativa da empresa de engenharia genética Colossal Biosciences, que anunciou que conseguiu recriar uma versão bem próxima deste animal pré-histórico.
O processo de desextinção
De acordo com informações divulgadas pela The Hollywood Reporter, a Colossal Biosciences utilizou DNA extraído de fósseis e fez 20 modificações no código genético de lobos cinzentos, a espécie viva mais próxima do lobo terrível. Com a utilização da tecnologia CRISPR, a empresa foi capaz de editar o DNA e criar três exemplares do lobo terrível, que apresentam uma pelagem branca, conforme análises recentes que indicam que a espécie original poderia ter esta coloração.
Os filhotes machos, nomeados Romulus e Remus, fazem referência aos gêmeos mitológicos que fundaram Roma, enquanto a fêmea foi batizada de Khaleesi, em homenagem à famosa personagem de Game of Thrones, Daenerys Targaryen. Atualmente, o trio reside em uma reserva de local não divulgado e sua expectativa de peso pode chegar a 68 quilos — significativamente mais que os lobos cinzentos, que pesam entre 36 e 45 quilos.
Uma estreia de gala
A apresentação desses novos lobos contou com a presença de grandes nomes da indústria do entretenimento, como o diretor Peter Jackson e o autor George R.R. Martin, famoso por sua obra As Crônicas de Gelo e Fogo. Jackson, que é um dos investidores da Colossal, trouxe consigo o icônico Trono de Ferro, um item que se tornou um símbolo da série.
O trono, que foi vendido por US$ 1,49 milhão (cerca de R$ 8 milhões), foi utilizado para uma sessão de fotos dos filhotes em Dallas, Texas. Martin não apenas investe na Colossal, mas também atua como consultor cultural e teve a oportunidade de visitar os lobos na reserva. Segundo ele, “Muitas pessoas veem os lobos terríveis como criaturas míticas, mas, na realidade, eles têm uma rica história de contribuição para o ecossistema americano.”
A relevância ecológica do lobo terrível
Apesar de serem considerados criaturas lendárias, os lobos terríveis realmente existiram nas Américas e acreditam-se que sua extinção esteja relacionada ao desaparecimento de grandes herbívoros que eram suas fontes alimentares. Fosséis encontrados no sítio arqueológico La Brea Tar Pits, em Los Angeles, mostram que mais de 3.600 exemplares da espécie foram encontrados, sendo que cerca de 400 crânios estão expostos no museu local.
A Colossal Biosciences não se limita apenas ao lobo terrível. A empresa já clonou duas ninhadas de lobos vermelhos, uma das espécies mais ameaçadas do mundo, como parte de sua proposta de unir conservação e desextinção. Fundada em 2021, a empresa planeja trazer de volta outras espécies extintas, como o mamute lanoso, o tigre-da-Tasmânia e o dodô.
O futuro do lobo terrível
Segundo Ben Lamm, co-fundador da Colossal, os avanços obtidos com o lobo terrível representam uma prova contundente de que a tecnologia de desextinção está funcionando. Com o objetivo de restabelecer o lobo terrível como uma espécie viável, a Colossal planeja adotar reservas ecológicas em terras indígenas da América do Norte, reforçando assim a importância de preservar o equilíbrio ecológico.
O renascimento do lobo terrível não é apenas um feito científico, mas também uma oportunidade de refletir sobre a rica história e o impacto que essas criaturas tiveram em seus ecossistemas. A iniciativa da Colossal Biosciences abre um novo capítulo na biotecnologia e conservação de espécies, mostrando que a ciência e a natureza podem andar de mãos dadas em prol do futuro do nosso planeta.
