A guerra comercial entre Estados Unidos e China ganhou novos contornos nesta sexta-feira, 5 de abril de 2025, com a entrada em vigor de uma tarifa adicional de 10% sobre todas as importações para os EUA. A medida, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump como parte de sua plataforma de campanha, causou pânico nos mercados asiáticos e provocou uma reação em cadeia nas bolsas ao redor do mundo.
A decisão gerou perdas expressivas nas principais praças financeiras da Ásia, alimentando temores de uma recessão global e agravando a aversão ao risco entre investidores.
Bolsas asiáticas têm pior desempenho em décadas
A Bolsa de Hong Kong liderou as quedas, com recuo de 13,2% — a maior desvalorização diária desde a crise financeira de 1997. O índice de Xangai caiu 7,3%, enquanto a Bolsa de Tóquio fechou o dia com perda de 7,8%.
Em outros mercados relevantes da região, Taiwan recuou 9,7% e a Coreia do Sul, 5,6%. A brusca retração reflete a forte dependência das economias asiáticas do comércio com os Estados Unidos, especialmente nos setores de tecnologia, manufatura e exportações de alto valor agregado.
Trump chama impacto de “remédio necessário” e China contra-ataca
A reação da China foi imediata. O governo de Pequim anunciou tarifas retaliatórias de 34% sobre produtos norte-americanos, ampliando a tensão entre as duas potências. A medida mira setores estratégicos como alimentos, componentes eletrônicos e maquinário industrial.
Donald Trump, por sua vez, afirmou que as quedas nos mercados globais são uma “evidência de que as tarifas estão surtindo o efeito desejado”, e comparou o impacto à aplicação de um “remédio amargo, porém necessário para corrigir desequilíbrios históricos no comércio”.
Ibovespa recua e dólar dispara no Brasil
No Brasil, o reflexo da turbulência global foi imediato. O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o pregão com queda de 2,96%, refletindo a aversão dos investidores ao risco. A valorização do dólar também chamou atenção: a moeda norte-americana subiu 3,72%, sendo cotada a R$ 5,8382 — a maior alta diária desde novembro de 2022.
A elevação do dólar tende a pressionar os preços de importados e combustíveis, reacendendo preocupações com a inflação brasileira.
Especialistas alertam para risco de recessão global
Economistas internacionais veem o movimento como perigoso. “Estamos diante de uma guerra tarifária em escala plena. Isso afeta não só o comércio, mas desorganiza cadeias produtivas inteiras”, afirma o analista financeiro Gabriel Tavares.
Para o JPMorgan, a probabilidade de uma recessão global subiu para 60% após a adoção das novas medidas por Washington e Pequim. A falta de clareza sobre uma resolução diplomática agrava ainda mais o cenário.
Governo brasileiro monitora impacto e analisa medidas
Diante do cenário externo adverso, a equipe econômica do governo Lula acompanha os desdobramentos e estuda medidas para mitigar impactos na economia nacional. Entre as ações em avaliação estão o reforço nas reservas cambiais e estímulos ao setor exportador.
O Ministério da Fazenda não descarta ampliar o diálogo com parceiros comerciais asiáticos para compensar possíveis perdas no comércio bilateral com os Estados Unidos ou a China.