O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez um apelo significativo às instituições de ensino superior para que se mantenham firmes frente aos “ataques do governo federal” que podem comprometer sua liberdade acadêmica. Durante um discurso na Universidade Hamilton, em Nova York, na última quinta-feira, Obama enfatizou a importância de refletir sobre o ambiente de liberdade de expressão nas universidades, especialmente em um momento em que a administração de Donald Trump tem imposto pressão financeira sobre as instituições.

Contexto dos ataques do governo Trump às universidades
Os comentários de Obama surgem em um contexto de tensão entre o governo Trump e as universidades, que têm enfrentado ameaças financeiras, incluindo cortes de subsídios significativos. Recentemente, a administração Trump retirou US$ 400 milhões em subsídios e contratos da Universidade Columbia e suspendeu US$ 175 milhões destinados à Universidade da Pensilvânia. Adicionalmente, o governo anunciou que está revisando cerca de US$ 9 bilhões em acordos com Harvard, uma das instituições mais prestigiadas do mundo.
Em Harvard, a resposta às críticas tem sido ativa: mais de 800 membros do corpo docente assinaram uma carta solicitando uma postura mais firme da administração contra os ataques do governo e em defesa da educação superior em geral. Apesar desse movimento, as dificuldades financeiras persistem, já que muitos dos fundos patrimoniais são alocados para finalidades específicas, o que limita a flexibilidade das universidades em tempos de crise.
Desafios enfrentados pelas universidades
Cabe ressaltar que, embora alguns reitores, como os de Princeton e Brown, tenham decidido enfrentar abertamente o governo, muitos ainda se sentem inseguros quanto à melhor maneira de agir. O reitor de Princeton, Christopher L. Eisgruber, foi enfático ao afirmar que os ataques à Universidade Columbia representam “a maior ameaça às universidades americanas desde a Caça às Bruxas da década de 1950”. Este clima de incerteza tem levado alguns institutos a demitir funcionários, como ocorreu na Universidade Johns Hopkins, que cortou 2 mil postos de trabalho após os cortes federais.
Recursos patrimoniais e liberdade acadêmica
Em meio a essa situação delicada, Barack Obama incentivou as instituições de ensino a utilizarem seus fundos patrimoniais para garantir sua integridade acadêmica. A ideia é que, mesmo em tempos de emergência, seja possível acessar partes dos fundos que eram destinados a outros usos, algo que foi corroborado por seu ex-assessor econômico, Lawrence Summers, em artigo no New York Times. “Acreditem em mim, um ex-presidente de Harvard”, afirmou Summers, destacando a importância de proteger a educação superior.
A diversidade política nas universidades
Ainda existe uma discussão em torno do porquê das universidades se tornarem alvos da administração Trump. Tanto conservadores quanto progressistas apontam que as instituições muitas vezes ignoraram as preocupações de liberdade de expressão levantadas por grupos conservadores, tornando-se vulneráveis. A abordagem em relação a palestras e debates controversos também foi mencionada por Obama: “Tentar cancelar um palestrante que vem ao seu campus é contrário ao que as universidades e os Estados Unidos deveriam representar”.
O papel das universidades na promoção do debate
O ex-presidente defendeu que é fundamental permitir que pessoas expressem ideias mesmo que possam ser ofensivas, argumentando que o verdadeiro objetivo é defender a liberdade de expressão e o direito ao contraditório. “Você deixa a pessoa falar, e depois explica por que ela está errada. É assim que se vence um argumento”, concluiu.
Com essas declarações, Obama busca unir as instituições de ensino superior, reforçando a necessidade de resistência a ataques que ameaçam a liberdade acadêmica e a diversidade de pensamento nas universidades americanas. A luta parece ser não apenas pela sobrevivência financeira, mas também pela preservação dos valores fundamentais da educação, liberdade e expressão.