Nesta sexta-feira, 4 de abril de 2025, o Ibovespa — principal índice da bolsa brasileira — registrou uma queda expressiva de 3,11%, encerrando o dia aos 127.056,09 pontos. A forte retração reflete o aumento da aversão ao risco por parte dos investidores, diante da escalada na guerra comercial entre Estados Unidos e China.
As tensões geopolíticas aumentaram após o anúncio de tarifas retaliatórias de 34% por parte do governo chinês sobre produtos norte-americanos, como resposta às medidas protecionistas adotadas recentemente pelo ex-presidente Donald Trump. O impasse entre as duas maiores economias do mundo gerou reações imediatas nos mercados financeiros globais — e o Brasil não ficou imune.
Ações da Petrobras e da Vale lideram quedas após recuo nos preços do petróleo
Entre os papéis mais impactados do dia, destacam-se as ações da Petrobras (PETR4), que caíram 5,72%, pressionadas pela queda de 8% nos preços internacionais do petróleo — agora nos níveis mais baixos desde 2021. A Vale (VALE3) também sofreu retração de 4,87%, refletindo o temor de desaquecimento da demanda chinesa por minério de ferro.
O movimento de fuga de ativos de risco também provocou forte valorização do dólar. A moeda norte-americana avançou 3,24% e foi cotada a R$ 5,812 na venda, aumentando a pressão sobre a inflação e o custo de importações no país.
Cenário global conturbado afeta diretamente o mercado brasileiro
O endurecimento do conflito comercial entre Washington e Pequim criou um ambiente de incerteza global. As novas tarifas impostas pela China afetam rotas comerciais estratégicas e elevam os temores de um desaquecimento no comércio internacional. O presidente Donald Trump reagiu ao movimento chinês dizendo que Pequim “jogou errado” e que as medidas refletem “pânico” diante do fortalecimento das políticas econômicas americanas.
A reação em cadeia afetou bolsas em diversos países emergentes e, no Brasil, o impacto foi amplificado pelo peso relevante dos setores de energia e mineração no Ibovespa.
Analistas projetam volatilidade prolongada
Especialistas apontam que a tendência de instabilidade deve continuar enquanto não houver uma sinalização de trégua entre EUA e China. Para eles, o Brasil, como economia aberta e exportadora de commodities, é particularmente sensível a esse tipo de tensão global.
Os setores mais impactados devem continuar oscilando nas próximas semanas, exigindo cautela por parte dos investidores e atenção redobrada às movimentações internacionais.
Governo brasileiro pode ser forçado a agir
Com o dólar em forte alta e a bolsa em queda, cresce a expectativa de que o governo federal adote medidas para conter os efeitos da crise externa sobre a economia doméstica. A equipe econômica já monitora o impacto da valorização cambial sobre os preços internos e não descarta ações pontuais para proteger o consumo e preservar os investimentos produtivos.
Outros possíveis novos anúncios de tarifas ou sanções podem agravar ainda mais o cenário.