Leilões de saneamento básico no Brasil deve movimentar cerca de R$ 70 bilhões em 2025 com a realização de 26 leilões, a maioria concentrada nas regiões Norte e Nordeste. A expectativa é beneficiar mais de 26 milhões de pessoas em 849 municípios, segundo dados da Associação Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon).

Leilões de saneamento básico avançam para regiões carentes
O primeiro grande certame será realizado no Pará, em 11 de abril, como parte dos nove projetos estruturados pelo BNDES. Também estão previstos leilões em Pernambuco, Paraíba, Rondônia e Minas Gerais ainda em 2025. Para 2026, Rio Grande do Norte, Maranhão e Goiás devem entrar no radar. A meta é clara: universalizar o acesso à água tratada e à coleta de esgoto em áreas com elevado déficit histórico.
Expectativa de retorno e desafio de juros altos
Mesmo com a Taxa Selic elevada, atualmente em 14,25%, o setor mantém o otimismo. Nelson Barbosa, diretor do BNDES, acredita que o segundo semestre trará um cenário macroeconômico mais favorável para o financiamento dos projetos. Ele afirma que empresas consolidadas devem formar consórcios com fundos de investimento, incluindo estrangeiros, aumentando a competitividade.
Interesse do setor privado é crescente
Empresas como Aegea, Acciona Brasil e Rio+Saneamento confirmaram interesse em ampliar atuação em estados como Pernambuco, Minas Gerais, Goiás e diversas cidades do Sul e Sudeste. Desde 2018, o BNDES já desembolsou R$ 17 bilhões para projetos de saneamento e tem mais R$ 36,7 bilhões aprovados.
Gargalos: áreas rurais, clima e regulação
Para especialistas como Luana Pretto, do Instituto Trata Brasil, é necessário adaptar os projetos às mudanças climáticas e à realidade de áreas rurais e vulneráveis, além de superar a fragmentação regulatória. Atualmente, existem mais de cem agências reguladoras, muitas com estrutura técnica limitada.
Potencial de transformação social e ambiental com os leilões de saneamento básico
Os números revelam a urgência dos investimentos: 32 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água tratada, e cerca de 90 milhões vivem sem coleta de esgoto. Na Região Norte, apenas 64% da população tem acesso à água potável. O sucesso dos leilões depende da modelagem dos contratos, da clareza das regras e da viabilidade financeira dos projetos.