A cidade de Belém, sede da Conferência do Clima (COP30) em novembro, enfrenta uma realidade alarmante: apenas 19,3% da população tem acesso à coleta e tratamento de esgoto, índice muito abaixo da média nacional de 59,7%, segundo dados do Ministério das Cidades. Com a proximidade do evento internacional, o governo acelera investimentos para tentar reverter parte desse cenário crítico.
Saneamento em Belém: um desafio estrutural histórico
Embora a cobertura de água tratada atinja cerca de 95% da população, especialistas apontam que o serviço é precário. A professora Roberta Menezes Rodrigues, da UFPA, destaca que a distribuição irregular e a baixa pressão obrigam moradores a abrir poços, agravando a contaminação do lençol freático.
— Nunca se priorizou investimento em saneamento na Região Norte, que sempre teve foco em infraestrutura voltada à exportação de minério — afirma Roberta.

Pará tem um dos piores indicadores do país antes da COP 30
O cenário no estado é ainda mais preocupante. A coleta de esgoto atende apenas 17,3% da população paraense. Para Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria, o Pará é um estado complexo, com comunidades isoladas e uma estrutura de provisão extremamente frágil.
Privatização da Cosanpa e promessa de R$ 20 bilhões
Como resposta à crise, a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) será privatizada. O leilão, agendado para 11 de abril, prevê a concessão do serviço em 126 dos 144 municípios, com investimentos de R$ 20 bilhões ao longo de 40 anos, segundo o BNDES.
Obras aceleradas para a COP30
Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho, o governo federal tem injetado recursos para acelerar obras de macrodrenagem e saneamento em Belém. Uma das intervenções emblemáticas é no tradicional mercado Ver-o-Peso, que há 129 anos operava sem esgotamento sanitário e agora receberá R$ 18 milhões em melhorias.
— Estamos conjugando esforços para melhorar o abastecimento de água na Região Norte, especialmente em comunidades ribeirinhas — destacou o ministro.