O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, apesar da queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo mantém o curso atual por acreditar que está “na direção correta”. Em entrevista concedida em Brasília, ministro Haddad destacou que o momento difícil da economia mundial explica parte da insatisfação, e não necessariamente os erros do governo.

Queda de aprovação e inflação em alta
Pesquisa da Latam Pulse/AtlasIntel, divulgada em fevereiro, revelou que mais de 50% dos brasileiros desaprovam o governo Lula, resultado influenciado pelo avanço da inflação e a perda de poder de compra. Haddad reconheceu o desconforto da população, mas responsabilizou o cenário internacional pelo impacto nos preços, especialmente o fortalecimento do dólar.
— Parte da inflação é resultado do fortalecimento do dólar. Não controlamos todas as variáveis internacionais — disse o ministro.
Alta da Selic e dólar pressionam economia
O Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) para 14,25%, maior patamar em nove anos, tentando conter a inflação persistente. Ao mesmo tempo, o real valorizou cerca de 7% frente ao dólar em 2025, após um ano de desvalorização. Mesmo assim, o mercado prevê que a inflação siga acima da meta de 3% até 2026, e estima que a Selic possa atingir 15,5% ainda neste ano.
Medidas econômicas não são resposta à crise de imagem, diz Haddad
O governo anunciou recentemente isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil e um novo programa de crédito consignado para trabalhadores do setor privado. Apesar das críticas de que as ações seriam voltadas a recuperar apoio político, Haddad afirma que fazem parte de reformas estruturais, e não de reações populistas.
— Não tem nada a ver com pesquisa eleitoral, nem com aprovação. A reforma tributária é um pilar para reduzir desigualdades — declarou.
Lula preparado para reeleição em 2026, diz ministro Haddad
Apesar de rumores sobre a saúde de Lula, que passou por cirurgia cerebral em 2024, Haddad afirmou que o presidente está pronto para disputar um novo mandato.
— O ritmo de trabalho dele é comparável ao de uma pessoa 20 ou 30 anos mais jovem — disse o ministro, afastando dúvidas sobre a capacidade do presidente, que completará 81 anos em 2026.
Relação com os EUA e temor com governo Trump
Haddad também comentou a retomada de tarifas norte-americanas sobre aço brasileiro e demonstrou preocupação com a democracia dos EUA diante do novo mandato de Donald Trump. Ainda assim, o ministro acredita que não há espaço para uma guerra comercial com os Estados Unidos.
— A relação entre Brasil e EUA é equilibrada e respeitosa. Não há ganho em criar um problema onde não existe — avaliou.