Brasil, 31 de março de 2025
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Argentina negocia novo empréstimo de US$ 20 bilhões com FMI

Argentina busca novo empréstimo com o FMI para reforçar reservas do Banco Central e conter pressão cambial, mas medida é alvo de críticas por aumentar dependência externa.
Presidente da Argentina. Foto: RS/A

A Argentina está em fase avançada de negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter um novo empréstimo de US$ 20 bilhões. O objetivo, segundo o governo do presidente Javier Milei, é reforçar as reservas do Banco Central (BC) do país e conter a alta do dólar, o que impacta diretamente a inflação.

O anúncio foi feito nesta quinta-feira (27) pelo ministro da Economia, Luis Caputo, durante um evento do setor de seguros em Buenos Aires. Segundo ele, o valor em negociação é superior ao que vinha sendo especulado. “É muito superior ao montante que se vem escutando de algumas pessoas”, afirmou.

Embora o acordo ainda precise ser aprovado pela diretoria do FMI, o governo já trata o acerto como uma solução para “sanear” o BC. Caputo defende que o dinheiro não será usado para cobrir gastos públicos, mas sim para trocar títulos do Tesouro por dólares, fortalecendo a base cambial e dando mais respaldo ao peso argentino.

Críticas e riscos do novo empréstimo na Argentina

Especialistas, no entanto, apontam riscos significativos. O historiador Alejandro Olmos Gaona, diretor do Observatório da Dívida Pública Argentina, afirma que a operação é uma tentativa de manter artificialmente baixo o valor do dólar por meio da venda de reservas, o que já consumiu US$ 1,4 bilhão em apenas um mês.

Segundo Olmos, essa política gera uma falsa sensação de estabilidade. “O governo precisa desesperadamente de dólares para fortalecer o Banco Central e seguir controlando a inflação, que é hoje o principal pilar de apoio ao presidente Milei”, disse.

A inflação na Argentina, mesmo com a recessão, caiu de 287% ao ano em março de 2024 para 66% em fevereiro de 2025, segundo dados oficiais. Apesar da desaceleração, o temor de novos saltos inflacionários com a pressão cambial mantém o governo em alerta.

Dívida com o FMI e condições futuras

A Argentina já realizou 23 acordos com o FMI ao longo de sua história. Se aprovado, este será o terceiro empréstimo desde 2018, quando o governo de Maurício Macri fechou um programa de US$ 56 bilhões com o Fundo.

Embora ainda não se saiba quais serão as exigências do FMI para liberar os novos recursos, a imprensa argentina aponta que uma das condições pode ser o fim dos controles cambiais, como o limite de compra de US$ 200 por pessoa ao mês. A possibilidade de um câmbio totalmente livre já tem aumentado a busca por dólares no país.

Olmos também questiona a ideia de que o novo empréstimo não aumentaria a dívida. “Não é o mesmo dever ao BC, que é parte do Estado, e que não impõe condições, do que dever ao FMI, que exige reformas e ajustes. O FMI controla a economia do país.”

A dívida pública da Argentina está atualmente em cerca de US$ 471 bilhões, com US$ 22 bilhões em juros anuais. Para comparação, o Banco Central do Brasil fechou 2024 com reservas de US$ 329,7 bilhões.

Perspectivas do governo da Argentina

Apesar do cenário desafiador, há expectativa de receitas futuras com a exploração de petróleo e gás na região de Vaca Muerta. No entanto, especialistas como Olmos alertam que essas são soluções de curto prazo. “Não há planejamento para um desenvolvimento sustentável. A Argentina segue apostando em políticas conjunturais e no endividamento como única saída.”

O governo argentino espera concluir as negociações com o FMI até meados de abril. Se aprovado, o novo aporte elevaria as reservas internacionais para cerca de US$ 50 bilhões.

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