Brasil, 19 de março de 2025
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Brasil é mencionado em documentos sobre Kennedy

Governo dos EUA divulga mais de 2 mil documentos sobre o assassinato de Kennedy, com menções ao Brasil e à Guerra Fria.
John Kennedy, momento antes de ser assassinado. Ele estava no cargo de presidente dos Estados Unidos por 2 anos, 10 meses e 2 dias quando foi assassinado em 22 de novembro de 1963. Foto: Acervo

Na última terça-feira, 18 de outubro, o governo dos Estados Unidos liberou mais de 2 mil documentos que trazem informações sobre as investigações do assassinato do presidente John F. Kennedy, ocorrido em 1963. Entre os materiais disponibilizados, há registros que mencionam o Brasil, especialmente no contexto da Guerra Fria e das influências que Cuba e China exerciam na América Latina, refletindo um período tenso da história mundial.

A importância da liberação dos documentos

A decisão de tornar esses arquivos públicos foi autorizada pelo então presidente Donald Trump em janeiro deste ano. Os documentos, que provêm de agências como a CIA (Agência Central de Inteligência), oferecem uma visão mais clara sobre as estratégias dos Estados Unidos durante um período marcado por instabilidades políticas e tensões geopolíticas.

É especialmente interessante notar como o Brasil se insere neste contexto. A Guerra Fria não se limitou a ser um conflito entre superpotências. As nações da América Latina, incluindo o Brasil, desempenharam papéis fundamentais na dinâmica de influência entre Estados Unidos, Cuba e China. A menção ao Brasil nos documentos ressalta a relevância da política interna brasileira naquela época e suas repercussões internacionais.

Recusa de apoio cubano por Leonel Brizola

Um dos documentos mais intrigantes é um telegrama da CIA que relata que Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, recusou apoio oferecido por Cuba e China em agosto de 1961. Segundo o telegrama, Brizola estava à frente dos esforços para garantir que João Goulart assumisse a presidência após a renúncia de Jânio Quadros. Cuba e China, sob os regimes de Fidel Castro e Mao Tse-Tung, ofereceram “voluntários” e ajuda material, mas Brizola se mostrou cauteloso, temendo deteriorar as relações internacionais do Brasil e provocar uma intervenção dos Estados Unidos.

Campanhas de desestabilização e propaganda

Outro aspecto revelado pelos documentos é a operação da CIA visando desacelerar o avanço do governo cubano. Um arquivo de janeiro de 1962 detalha como os EUA planejavam iniciar uma resistência organizada em Cuba, ao mesmo tempo em que promoviam campanhas de propaganda em vários países da América Latina, incluindo o Brasil. Esse tipo de intervenção visava reforçar a oposição à influência cubana na região.

O relatório menciona ainda que “demonstrações em massa” foram organizadas em várias nações latino-americanas, demonstrando a preocupação dos EUA com a difusão do comunismo, que estava crescendo em populares na América Latina durante esses anos.

As implicações do golpe militar no Brasil

Após o golpe militar de 1964 que depôs João Goulart, um documento da CIA de julho daquele ano descreve como Cuba tentara influenciar outros países da América Latina. Embora os cubanos tivessem uma postura combativa contra as intervenções dos EUA, os relatórios da CIA avaliaram que a queda do governo Goulart foi uma “dura derrota” para Havana, sublinhando as interações complexas que ocorreram entre Cuba e Brasil nesse período conturbado.

Conexões diplomáticas e espionagem

Um aspecto ainda mais intrigante é a utilização de diplomatas brasileiros em atividades de espionagem. Um documento datado de novembro de 1962 sugere que a CIA utilizou dois diplomatas do Brasil para facilitar comunicações entre agentes em Miami e Havana. O relatório indica que, embora os brasileiros não estivessem cientes de que estavam enviando informações de espionagem, outros itens, como mapas e dinheiro, eram provavelmente transportados em suas delegações diplomáticas.

Campanhas de influência e opinião pública

Em dezembro de 1963, um memorando revelou planos estadunidenses para realizar campanhas na América Latina que visavam conter a presença de grupos comunistas. Um foco particular estava em um evento da Federação Sindical Unificada projetado para acontecer no Rio de Janeiro em 1964. Com medo de que encontros dessa natureza fortalecessem o movimento sindical alinhado a Cuba, os EUA buscavam estratégias para enfraquecer o evento. Isso incluiu veicular informações negativas sobre as condições aos trabalhadores em Cuba e na China, tentando assim desestabilizar o evento e as ideias que ele representava.

Com a liberação desses documentos, novas luzes são lançadas sobre um período histórico que ainda guarda muitos segredos. As relações entre o Brasil e os EUA naquela era não apenas refletiam tensões geopolíticas, mas também a dinâmica interna do país, moldando seu futuro político.

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