Brasil, 14 de março de 2025
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Vice-prefeito de SP culpa padre Júlio Lancelotti pela nova cracolândia

Ricardo Mello Araújo responsabiliza padre por situação de dependentes químicos em Belenzinho, gerando resposta perplexa do religioso.
Ricardo Mello Araújo. Foto: PMSP

O vice-prefeito de São Paulo, Ricardo Mello Araújo (PL), gerou polêmica ao culpar o padre Júlio Lancelotti pela instalação de uma nova cracolândia na capital. O episódio ocorreu na última quarta-feira(12), quando o vice-prefeito, em uma resposta a um internauta, referiu-se ao religioso durante uma conversa sobre dependentes químicos na região de Belenzinho, na Zona Leste. Araújo, que é alinhado politicamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que a situação era “culpa do padre Júlio Lancelotti”.

Padre Júlio Lancelotti reage às declarações de Ricardo Mello

Nesta quinta-feira, o padre Júlio Lancelotti se manifestou sobre a declaração de Araújo e expressou perplexidade com a acusação.

“Perplexo com comentário do vice-prefeito de São Paulo que me coloca em situação de risco”, escreveu em suas redes sociais.

O religioso, conhecido por seu trabalho com a população em situação de rua e dependentes químicos, tem sido alvo de ataques por parte de políticos bolsonaristas, o que intensificou o debate sobre a responsabilidade no enfrentamento dos problemas sociais em São Paulo.

A continuação da disputa política

Araújo utilizou suas redes sociais para divulgar uma ação que visa a destruição de cortiços na região, justificando que essa medida faz parte da sua luta contra o tráfico de drogas. O vice-prefeito, que é ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), tem adotado uma postura agressiva em relação ao tema, buscando alinhar suas ações à narrativa bolsonarista.

Esse embate entre Mello Araújo e padre Júlio não é um episódio isolado. Desde 2024, o religioso tem enfrentado questionamentos de políticos que questionam sua atuação como filantrópico.

O vereador Rubinho Nunes (União), por exemplo, tentou aprovar CPIs na Câmara Municipal para investigar as ações do padre, afirmando que existe uma “máfia da miséria” que se beneficia da boa-fé dos cidadãos.

As tentativas de Nunes se tornaram objeto de repúdio quando ele, ao comentar suas propostas, passou a mencionar Lancelotti. Em meio a essa pressão, o próprio vereador, que havia acumulado apoio para suas propostas, enfrentou um revés ao ver alguns aliados desistirem de apoiá-lo.

A Polícia Civil, em resposta às ações do vereador, instaurou um inquérito por suposto abuso de autoridade, o que indica a gravidade das acusações feitas pelo político. “Não citei mais o padre, mas ele é associado a uma situação de irregularidade”, declarou Nunes.

Relações com a População

A situação envolvendo Júlio Lancelotti e Ricardo Mello Araújo traz à tona uma discussão mais ampla sobre as relações entre políticos e religiosos que atuam na sociedade. Enquanto Lancelotti busca oferecer suporte e assistência aos dependentes químicos e moradores de rua, Araújo defende uma abordagem mais punitiva e repressora, segundo o que suas declarações indicam.

O debate em torno desse tema reflete não apenas a luta política entre diferentes ideologias, mas também a dificuldade que a sociedade enfrenta para lidar com as questões de dependência química e a marginalização social. A resposta de Lancelotti, enfatizando sua perplexidade com as acusações, mostra que o papel do religioso vai além do assistencialismo e se defronta com um jogo político complexo.

O confronto entre a abordagem de Mello Araújo e a visão que Lancelotti defende tende a continuar. De um lado o apelo por uma abordagem mais humana e solidária, como a que Lancelotti representa, permanecem centrais na agenda urbana. Do outro, a visão mais pragmática de combate à violência do vice-prefeito de São Paulo.

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