Nova York – A agência de classificação de risco Moody’s divulgou um alarmante relatório, afirmando que cerca de US$ 3 trilhões em fluxo do comércio global estão sob risco devido às recentes tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a importantes parceiros comerciais, incluindo União Europeia, México, Canadá e China. A análise reflete como tanto a implementação de tarifas quanto as respostas retaliatórias terão efeitos desiguais entre os setores e as economias envolvidas.
Consequências das tarifas no comércio global
A Moody’s alerta que o volume de comércio, avaliado em US$ 3 trilhões em fluxos de bens, e as interdependências nas cadeias de suprimentos, especialmente em setores estratégicos como automóveis, tecnologia e manufatura, indicam que os efeitos das tarifas podem ser ainda mais abrangentes do que os dados comerciais diretos sugerem.
De acordo com a Moody’s, as tarifas atuam como um imposto sobre as importações e provocam mudanças na demanda entre os bens tarifados e não tarifados. Essa dinâmica afeta não apenas importadores e exportadores, mas também varejistas e consumidores que dependem de produtos tarifados. “As tarifas têm o potencial de alterar o cenário econômico, direcionando a procura de produtos estrangeiros para opções nacionais”, observa a agência.
Impactos nas economias locais
Os governos também sentirão os efeitos das tarifas de maneira dual. Por um lado, a aplicação de taxas comerciais adicionais pode aumentar a arrecadação do governo, mas, por outro, essa medida pode frear o crescimento econômico ao desestimular consumo e produção. “Considerando os efeitos macroeconômicos, esperamos que as tarifas tenham um impacto líquido negativo nas receitas totais do governo”, conclui a Moody’s.
A agência ainda destaca que os efeitos das tarifas seriam menos significativos para países com menor abertura econômica, como os EUA, mas poderiam ter consequências severas para economias intensamente dependentes do comércio, como México e Canadá. No caso do México, a aplicação de tarifas poderia levar à desvalorização da moeda local, causando um repasse inflacionário e limitando a flexibilidade da política monetária em um cenário de crescimento econômico já frágil. “A íntima relação comercial entre os EUA e o México amplifica os impactos das tarifas”, diz o relatório.
Impactos por setores
A análise da Moody’s sobre o Canadá revela que o comércio com os EUA representa uma parcela significativa do PIB canadense, com indústrias-chave, como petróleo e automóveis, sendo as maiores exportações do país. “A alta integração entre as indústrias dos dois países sugere que as tarifas afetarão ambos de maneira relevante”, aponta o documento.
Nos Estados Unidos, os setores mais expostos incluem maquinário e produtos eletrônicos. Por sua vez, a China enfrenta riscos em segmentos como produtos de informática, têxteis, brinquedos e móveis. O estudo ainda observa que as tarifas retaliatórias impostas pela China poderão incidir diretamente sobre a agricultura americana.
União Europeia e as novas tarifas
A Moody’s também examina como a União Europeia seria afetada pelas tarifas americanas, apontando que a exposição varia entre países e setores. A região é considerada o maior parceiro comercial dos EUA, com transações próximas a US$ 900 bilhões. Produtos farmacêuticos, automóveis e máquinas representam as importações mais significativas dos americanos, enquanto os exportações da UE para os EUA incluem produtos agrícolas, industriais e manufaturados.
Com o panorama global de comércio em constante mudança, as análises da Moody’s mostram que, enquanto alguns setores podem prosperar, outros enfrentam riscos significativos. A complexidade das interações entre as economias globais torna essencial a vigilância contínua aos impactos decorrentes dessas políticas tarifárias.
As futuras decisões e ações tanto das autoridades americanas quanto dos parceiros comerciais afetados serão cruciais para moldar o cenário econômico global, que já enfrenta desafios significativos. O aumento das tarifas pode gerar uma nova onda de tensão no comércio internacional, impactando diretamente os consumidores e governos em todo o mundo.
