Brasil, 12 de março de 2025
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Governo observa com atenção tarifas de Trump, diz Itamaraty

O Brasil observa atentamente as tarifas impostas pelos EUA e busca oportunidades no mercado global.
Embora essas medidas não afetem diretamente o Brasil, elas podem abrir novas oportunidades de negócios. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O governo brasileiro acompanha de perto os desdobramentos das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos a produtos importados do México e do Canadá, além da sobretaxa sobre compras chinesas. Embora essas medidas não afetem diretamente o Brasil, elas podem abrir novas oportunidades de negócios para produtos brasileiros, especialmente commodities. Por outro lado, a confirmação da ofensiva protecionista do governo de Donald Trump levanta preocupações sobre alíquotas que poderiam impactar o país, particularmente no que se refere ao aço e alumínio.

Medidas protecionistas dos Estados Unidos

Após um mês de negociações, os Estados Unidos impuseram tarifas gerais de 25% sobre as importações do México e Canadá, além de elevar a taxa sobre produtos chineses de 10% para 20%. Em resposta, a China e o Canadá retaliaram com tarifas em bens norte-americanos, enquanto o México planeja anunciar novas tarifas em breve.

Pekim, por exemplo, anunciou tarifas adicionais de 15% sobre produtos agrícolas como frango, trigo e milho, além de 10% sobre uma variedade de outros produtos, inclusive soja e carnes. O Canadá, por sua vez, implementará um tributo de 25% sobre um total de US$ 107 bilhões em importações norte-americanas, iniciando com tarifas sobre US$ 21 bilhões.

Abrindo oportunidades para produtos brasileiros

Essas movimentações no cenário global podem beneficiar os produtos brasileiros, especialmente commodities. Especialistas do governo afirmam que, apesar da incerteza, há potencial para crescimento nas exportações do Brasil. O Itamaraty está monitorando a situação cuidadosamente, uma vez que ainda é difícil prever o impacto da guerra comercial entre Trump, China, Canadá e México sobre o Brasil.

As movimentações nos mercados globais têm gerado reações negativas, refletindo um cenário de incerteza econômica. Os analistas do Brasil estão atentos às oportunidades que poderiam surgir, principalmente considerando o contexto de oferta e demanda no comércio internacional.

Preocupações com o aço e alumínio

Uma das principais preocupações do Brasil envolve a tarifa de 25% a ser aplicada sobre todas as importações de aço e alumínio, anunciada por Trump para entrar em vigor em breve. Em 2024, o Brasil destacou-se como o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, atrás apenas do Canadá, tornando a situação ainda mais crítica para as relações comerciais entre os dois países.

Tentativas de aproximação e alternativas

O governo brasileiro iniciou esforços para se aproximar da administração Trump, com o vice-presidente Geraldo Alckmin buscando diálogo com o secretário de Comércio dos EUA. O encontro virtual entre eles, inicialmente programado para a sexta-feira passada, deve ocorrer em breve, embora ainda não tenha data confirmada.

A discussão sobre reduzir as tarifas de importação de etanol como parte de uma troca para mitigar efeitos no aço e alumínio também está em pauta. O Brasil atualmente cobra 18% sobre etanol vindo dos EUA, enquanto os EUA taxam o etanol brasileiro em 2,5%.

Expectativas para os preços de alimentos

Enquanto o governo Lula avalia as repercussões das medidas protecionistas, as discussões estão centradas em como isso pode impactar os preços domésticos. Até o momento, as expectativas são de que as tarifas impostas por Trump não afetem os preços dos alimentos no Brasil de forma imediata. O foco é na estabilização do mercado interno, enquanto o governo continua a monitorar a situação nas próximas semanas.

André Galhardo, economista da consultoria Análise Econômica, aponta que o Brasil poderia se beneficiar de um aumento nas exportações de commodities para a China, especialmente se houver progresso nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia — o que poderia reduzir os preços de insumos importantes, como fertilizantes.

Contudo, o impacto nos preços internos deve ser analisado com cautela, pois um aumento nas exportações pode ser gradual e não necessariamente refletir uma elevação imediata nos custos para a população brasileira. Além disso, uma combinação de fatores, como mudanças climáticas, pode influenciar mais os preços do que as exportações em si.

Com um cenário complexo e incerto, o governo brasileiro continua a agir com prudência, observando atentamente as movimentações no comércio internacional e preparando-se para possíveis oportunidades e desafios que possam surgir.

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