Brasília – A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do PT, foi confirmada nesta sexta-feira (1º) como a nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), pasta responsável pela articulação política do governo federal. A nomeação ocorre em meio a uma reorganização ministerial, que também envolve a saída de Alexandre Padilha da SRI para comandar o Ministério da Saúde.
Menos de 24 horas após o anúncio, Gleisi embarca ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para Montevidéu, onde ambos participarão da posse do novo presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, neste sábado (1). A cerimônia reforça o alinhamento político entre Brasil e Uruguai, com Orsi representando a Frente Ampla, sigla de esquerda ligada ao ex-presidente Pepe Mujica, amigo próximo de Lula.
Escolha estratégica de Lula e impacto no PT
A nomeação de Gleisi já vinha sendo cogitada por aliados de Lula, que destacavam sua experiência como ministra da Casa Civil no governo Dilma Rousseff e seu papel central na coordenação da campanha presidencial de 2022. A escolha também tem impacto interno no PT, uma vez que abre caminho para a sucessão na presidência do partido. O nome favorito para assumir o comando petista é Edinho Silva, ex-ministro e atual prefeito de Araraquara (SP), considerado um nome de confiança do Planalto.
Dentro do governo, havia o entendimento de que era fundamental definir o futuro de Gleisi antes de avançar com a troca no PT, garantindo uma transição organizada e sem disputas internas.
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Detalhes da viagem ao Uruguai
O embarque para o Uruguai ocorreu na tarde desta sexta-feira (28), com chegada prevista a Montevidéu ainda no início da noite. O cronograma oficial prevê:
- Posse de Yamandú Orsi: sábado (1) pela manhã;
- Retorno ao Brasil: no mesmo dia, logo após o evento.
A viagem marca a estreia de Gleisi em uma agenda internacional já como futura ministra, sinalizando seu papel ativo na interlocução política do governo, inclusive em temas de diplomacia regional.
Repercussões e desafios da nova ministra
Lula destacou que a presença de Gleisi na articulação política fortalecerá o governo no diálogo com o Congresso. “Gleisi vem para somar na interlocução com o Legislativo”, afirmou o presidente. A própria deputada, por meio das redes sociais, ressaltou a responsabilidade da nova função: “Assumo com imensa responsabilidade, seguirei dialogando democraticamente com partidos e lideranças”.
No Congresso, a nomeação teve recepção mista. Hugo Motta (Republicanos-PB), líder do governo na Câmara, afirmou que sempre manteve boa relação com a petista. Já Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, desejou sucesso à nova ministra. No entanto, a permanência da SRI sob controle do PT frustra setores do Centrão, que pleiteavam maior influência na articulação política.
Entre os desafios imediatos de Gleisi estão a mediação com um Congresso fragmentado e majoritariamente conservador, além da pressão para avançar em pautas prioritárias do governo, como a reforma tributária e o marco das garantias.
Troca no Ministério da Saúde e próximos passos
A reformulação ministerial também atinge a Saúde, onde Alexandre Padilha assumirá a pasta no lugar de Nísia Trindade, que vinha sendo alvo de críticas dentro do próprio governo. A transição acontece oficialmente em 10 de março, mesma data da posse de Gleisi na Secretaria de Relações Institucionais.
Cronologia dos fatos
- 28 de fevereiro – Lula confirma a mudança na SRI e no Ministério da Saúde.
- 1º de março – Viagem de Lula e Gleisi para a posse de Orsi no Uruguai.
- 2 de março – Posse do novo presidente uruguaio.
- 10 de março – Gleisi assume oficialmente o cargo de ministra da SRI.
O futuro das relações Brasil-Uruguai e a influência do PT
A posse de Yamandú Orsi marca um novo capítulo nas relações entre Brasil e Uruguai. Ligado a Pepe Mujica, Orsi representa a continuidade de um projeto progressista no país vizinho, contrastando com a gestão do direitista Luis Lacalle Pou, a quem ele substituirá. A presença de Lula na cerimônia reforça o desejo de estreitar laços com governos de esquerda na América Latina.
Para Gleisi Hoffmann, a nomeação como ministra e a viagem internacional representam um salto político dentro do governo, consolidando sua posição como uma das figuras mais influentes da administração petista.
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