Nesta quarta-feira (26), o presidente Lula apresentou as prioridades do Brasil durante a presidência do Brics, bloco que visa promover uma nova ordem econômica mundial e reduzir as assimetrias nas relações internacionais. Em um momento de grandes desafios globais, Lula enfatizou a responsabilidade histórica do Brasil em buscar soluções construtivas, destacando a importância da paz, da preservação ambiental e da inovação, como a inteligência artificial.
Um Brics mais inclusivo
Durante a Primeira Reunião de Sherpas da Presidência Brasileira do Brics, que ocorreu em Brasília, Lula sublinhou que o bloco deve continuar a ser um espaço de diversidade e diálogo. As prioridades da presidência brasileira incluem:
- Cooperação em saúde global;
- Financiamento de ações para combater as mudanças climáticas;
- Comércio, investimento e finanças;
- Utilização de moedas locais nas operações financeiras;
- Governança da inteligência artificial;
- Desenvolvimento institucional do Brics.
Urgências no campo da saúde
Uma das prioridades destacadas por Lula é a cooperação em saúde, considerada uma urgência vital pelo Sul Global. Ele anunciou a intenção de lançar um mecanismo para a defesa da saúde mundial, lembrando como a pandemia de covid-19 trouxe lições importantes para os países. Lula enfatizou que a pobreza e a exclusão social são fatores que contribuem para a disseminação de doenças, afetando milhões ao redor do mundo.
“A pobreza, a falta de acesso a serviços básicos e a exclusão social são o terreno fértil para doenças como tuberculose, malária e dengue, que ameaçam cerca de 1 bilhão e 700 milhões de pessoas no mundo. Planejamos lançar uma parceria para eliminar doenças socialmente determinadas e doenças tropicais negligenciadas”, afirmou Lula.
Iniciativas econômicas e comerciais
Além da saúde, Lula abordou o uso de moedas locais nas operações financeiras como uma forma de superar as barreiras económicas enfrentadas pelos países em desenvolvimento. A proposta visa reduzir custos e aumentar a integração econômica entre os membros do Brics e outros parceiros.
“A escalada protecionista na área de comércio e investimentos reforça a importância de medidas que busquem superar os entraves à nossa integração econômica. Aumentar as opções de pagamento significa reduzir vulnerabilidades e custos. Nossa presidência está comprometida com o desenvolvimento de plataformas de pagamento acessíveis, transparentes e seguras”, garantiu.
Inteligência artificial e desenvolvimento equitativo
Outro ponto crucial discutido por Lula foi a governança da inteligência artificial. Ele alertou para os desafios éticos e sociais que essa tecnologia pode trazer e destacou a necessidade de uma distribuição equitativa dos benefícios da revolução digital.
“Qualquer tentativa de desenvolvimento econômico hoje passa pela inteligência artificial. Não podemos permitir que a distribuição desigual dessa tecnologia deixe o Sul Global à margem”, afirmou Lula.
O papel dos sherpas nas negociações
Os sherpas, negociadores dos países do Brics, terão um papel fundamental nas discussões que irão culminar na Cúpula de Líderes em julho, no Rio de Janeiro. A reunião de Brasília, presidida pelo embaixador Maurício Lyrio, serviu para discutir as diretrizes que orientam as negociações e dar continuidade aos esforços do bloco.
Com um cenário internacional em transformação, as propostas do Brasil, liderado por Lula, refletem a intenção de fortalecer a cooperação entre países emergentes e enfrentar juntos os desafios contemporâneos. O Brics, com sua diversidade e potencial econômico, se posiciona como um importante ator na construção de uma nova ordem global.
