A primeira reunião do Gabinete do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi marcada não apenas por um longo discurso do republicano, mas também pela presença do bilionário Elon Musk. O empresário, que lidera um controverso departamento de cortes de gastos do governo, o DOGE, está envolvido em polêmicas que afetam diversos setores da administração. Além dos aplausos dedicados ao bilionário, Trump defendeu uma intensa agenda adotada em seu primeiro mês no cargo, sem hesitar em criticar alguns dos principais aliadados históricos dos Estados Unidos.
A pauta da reunião
Logo após uma breve introdução, na qual Musk fez menção aos altos preços dos ovos e confirmou a visita do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, Trump passou a palavra ao bilionário. Musk, vestindo uma camiseta e um boné, estava em um evidente contraste com os demais membros do Gabinete. Ele defendeu as ações de seu Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), uma sigla que curiosamente se assemelha à famosa criptomoeda que ele promoveu anteriormente.
Em seu discurso, Musk ressaltou que os Estados Unidos “vão quebrar” caso sua equipe não execute o trabalho necessário para reduzir, até 2026, o déficit público em até US$ 1 trilhão. Durante a campanha, essa meta era o dobro, buscando um corte de US$ 2 trilhões.
Políticas e controvérsias
Na reunião, Musk também reconheceu que alguns cortes eram equivocados, citando a suspensão acidental de um programa da Usaid, destinado à prevenção do Ebola na África. Contudo, ele não quis falar sobre o número exato de funcionários públicos que poderão ser demitidos ao longo da administração federal.
A fala de Musk gerou reações contraditórias entre os membros do governo. No final de semana, ele havia enviado milhares de e-mails solicitando aos funcionários que descrevessem suas funções em até cinco tópicos, uma medida que causou tensões internas significativas. Apesar da pressão implícita, o Escritório de Gestão Pessoal (OPM) deixou claro que ninguém seria obrigado a responder a esses e-mails.
Apoio e críticas a Elon Musk
Trump, enquanto apoiava Musk, também admitiu haver descontentamento com o papel do bilionário no governo. Membros do Congresso, incluindo republicanos, expressaram preocupações sobre a eficácia e a forma como os cortes estão sendo implementados. O líder da maioria republicana no Senado, John Thune, sublinhou a necessidade de que tais demissões sejam conducidas de forma respeitosa. Da mesma forma, a deputada Nicole Malliotakis pediu uma pausa para reavaliar as ações do governo, considerando a aceleração das medidas muito intensa.
O plano de imigração “Cartão de Ouro”
Após a intervenção de Musk, Trump voltou a se colocar no centro das atenções, apresentando um novo programa de vistos chamado “Cartão de Ouro”. Essa proposta daria aos imigrantes o direito de residir e trabalhar nos Estados Unidos, além de abrir o caminho para a cidadania. O investimento necessário é de US$ 5 milhões, substituindo o anterior visto EB-5 que exigia um investimento de cerca de US$ 1 milhão. Trump se mostrava otimista quanto ao sucesso do novo programa: “Acho que isso vai vender de maneira louca”, afirmou, defendendo que imigrantes com capacidade de investir criariam empregos e, ao mesmo tempo, ajudariam a economia americana.
Temas de política externa
Na reunião, Trump também abordou questões de política externa. Ele confirmou a visita de Zelensky, além de se pronunciar sobre as garantias de segurança que a Ucrânia exige, afirmando que estas não seriam excessivas. O presidente também comentou sobre a adesão da Ucrânia à OTAN, sugerindo que esse desejo poderia ser abandonado, enquanto pressionava os europeus a assumirem mais responsabilidades.
Outra crítica de Trump se direcionou à União Europeia, que, segundo ele, foi criada para prejudicar os interesses americanos. Em um tom provocativo, anunciou um aumento de 25% nas tarifas sobre as importações do bloco. Diante de várias questões internacionais, Trump evitou se comprometer em relação à defesa de Taiwan em um possível contexto de invasão chinesa.
A crítica à saída do Afeganistão
Trump voltou a criticar a retirada dos Estados Unidos do Afeganistão, ocorrida em 2021. Ele responsabilizou o governo Biden pela maneira como a saída foi conduzida e sugeriu que os militares envolvidos deveriam ser demitidos, a despeito de o acordo para a retirada ter sido estabelecido durante sua própria gestão.
A reunião do Gabinete mostrou a dinâmica do governo Trump em direção futura da política americana sob essa administração.