A bancada evangélica elegeu, na noite desta terça-feira (26), o deputado federal Gilberto Nascimento (PSD-SP) como seu novo líder para os próximos dois anos. Ele derrotou Otoni de Paula (MDB-RJ), que foi rejeitado por parte da bancada devido à sua proximidade com o governo federal. Esta foi a primeira vez que a Frente Parlamentar Evangélica realizou uma eleição para escolher seu presidente, já que tradicionalmente a escolha era feita por consenso entre os parlamentares.
Nascimento, que está em seu quarto mandato na Câmara dos Deputados, é um dos fundadores da bancada evangélica, criada em 2003, e é considerado um dos nomes mais experientes do grupo. Apesar de já ter sido cogitado para o cargo em outras ocasiões, ele sempre havia recusado disputar a liderança.
Polarização e disputa interna na bancada evangélica
A candidatura de Gilberto Nascimento surgiu como uma alternativa ao nome de Otoni de Paula, que foi apoiado pelos antigos líderes da bancada, Silas Câmara (Republicanos-AM) e Eli Borges (PL-TO). Otoni, no entanto, perdeu apoio após suas recentes aproximações com o Palácio do Planalto, o que desagradou parte dos parlamentares mais alinhados à oposição.
Diante disso, a ala bolsonarista da bancada se organizou em torno de Gilberto Nascimento, que, embora tenha apoio de figuras como Jair Bolsonaro (PL) e do pastor Silas Malafaia, rejeita o rótulo de “bolsonarista”.
No passado, Nascimento já demonstrou apoio a Bolsonaro, assinando, em 2018, uma carta da bancada evangélica endossando a candidatura do então candidato à presidência. O documento argumentava que um governo de esquerda poderia representar uma ameaça à liberdade religiosa.
Quem é Gilberto Nascimento?
Gilberto Nascimento é advogado, ex-delegado da Polícia Civil e ingressou na política em 1982. Antes de se tornar deputado federal, foi vereador em São Paulo e teve dois mandatos na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Ao longo da carreira, passou por diversos partidos, incluindo MDB e PSB, mas sempre manteve uma atuação considerada moderada e conservadora. Em 2016, votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Em 2007, chegou a ser indiciado pela Polícia Federal no caso das sanguessugas, um esquema de corrupção que desviava recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) para a compra de ambulâncias superfaturadas. No entanto, a investigação não avançou e ele foi inocentado pela CPI que investigou o caso.
O que esperar da nova liderança?
Com Gilberto Nascimento no comando da Frente Parlamentar Evangélica, a expectativa é que a bancada mantenha seu foco em temas conservadores e continue a atuar de forma crítica ao governo Lula.
Apesar de sua postura mais moderada em comparação a outros parlamentares evangélicos, Nascimento deve enfrentar desafios internos, já que a bancada tem diferentes correntes políticas e ideológicas. O principal desafio será manter a unidade do grupo, que vem se dividindo entre os que apoiam a atual gestão federal e aqueles que permanecem alinhados à oposição.