O Brics, sob a presidência rotativa do Brasil, avançará no uso de moedas locais para transações comerciais e investimentos entre os países-membros do bloco. O objetivo é reduzir os custos das operações financeiras das nações emergentes e diminuir a dependência do dólar. A confirmação foi feita nesta sexta-feira (21) pelo secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, Mauricio Lyrio, em Brasília.
Uso de moedas locais e recusa de moeda comum
O Brasil coordenará as discussões sobre o sistema de pagamentos em moedas locais durante reuniões entre os principais negociadores do Brics nos dias 25 e 26 de fevereiro. Segundo Lyrio, essa prática já ocorre em alguns países do bloco e será intensificada durante a presidência brasileira.
Por outro lado, o secretário descartou a criação de uma moeda comum do Brics, alegando que o tema é complexo e ainda não há consenso entre os países.
“A criação de uma moeda única para o bloco não está em discussão no momento. São economias grandes, e há outras formas de reduzir os custos operacionais”, explicou Lyrio.
Pressão internacional e reação do Brics
A decisão do bloco de avançar no uso de moedas locais ocorre em meio a ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, que prometeu impor tarifas de 100% sobre importações dos países do Brics caso o grupo tente criar alternativas ao dólar no comércio internacional.
Apesar disso, o diplomata brasileiro afirmou que essa postura não influenciou a decisão do Brics e que, no futuro, os chefes de Estado poderão reavaliar a viabilidade de uma moeda comum.
Brasil lidera Brics e as prioridades
Além da questão monetária, o Brasil apresentará cinco prioridades para o grupo durante a presidência rotativa:
- Cooperação em saúde
- Financiamento para combate às mudanças climáticas
- Fortalecimento do comércio, investimentos e finanças do bloco
- Governança da inteligência artificial
- Desenvolvimento institucional do Brics
As discussões serão alinhadas para a Cúpula de Chefes de Estado do Brics, marcada para os dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. O evento pode contar com uma participação especial do presidente Lula, reforçando o compromisso do Brasil com a agenda multilateral do bloco.