A Microsoft anunciou um avanço inédito no campo da computação quântica ao afirmar ter criado um “qubit topológico”, um novo estado da matéria que pode acelerar o desenvolvimento de computadores quânticos mais estáveis e poderosos. A tecnologia, detalhada em um estudo publicado na revista Nature, pode representar um grande salto para a próxima geração de supercomputadores, com impactos diretos em setores como inteligência artificial, segurança cibernética e ciência dos materiais.
Qubits topológicos: a nova aposta da Microsoft
Desde os anos 1980, cientistas buscam desenvolver computadores quânticos capazes de resolver problemas complexos que seriam inviáveis para máquinas tradicionais. A abordagem da Microsoft se diferencia ao combinar semicondutores com supercondutores para criar qubits topológicos, uma tecnologia que promete maior estabilidade e menor taxa de erros em comparação com outros modelos.
O pesquisador técnico da Microsoft, Chetan Nayak, afirmou que a empresa está confiante na viabilidade dessa inovação. “Vemos isso como algo que está a anos de distância, e não décadas”, destacou.
O que torna a computação quântica tão poderosa?
Os computadores convencionais processam informações em bits, que assumem valores de 0 ou 1. Já os computadores quânticos utilizam qubits, que podem estar em uma superposição de ambos os estados simultaneamente, permitindo cálculos exponencialmente mais rápidos.
O Google, por exemplo, já demonstrou a capacidade de um computador quântico resolver em cinco minutos um cálculo que levaria 10 septilhões de anos para um supercomputador tradicional. Agora, a Microsoft aposta que seus qubits topológicos poderão superar os modelos desenvolvidos por concorrentes como Google e IBM.
Desafios e ceticismo sobre a nova tecnologia
Apesar do entusiasmo da Microsoft, alguns especialistas questionam se a empresa realmente conseguiu criar um qubit topológico funcional. O professor de física teórica Jason Alicea, do Caltech, ressaltou que o comportamento dos sistemas quânticos ainda é difícil de comprovar.
A Microsoft reconhece que, até o momento, construiu apenas oito qubits topológicos e que a tecnologia ainda não pode ser usada para cálculos práticos. No entanto, acredita que essa abordagem reduzirá a taxa de erros e tornará os computadores quânticos viáveis mais rapidamente.
O futuro da computação quântica
A corrida pela computação quântica tem implicações globais. Enquanto empresas americanas como Microsoft e Google lideram pesquisas, a China investiu US$ 15,2 bilhões na tecnologia, enquanto a União Europeia destinou US$ 7,2 bilhões ao setor.
Além de transformar áreas como inteligência artificial e desenvolvimento de novos materiais, a computação quântica pode quebrar sistemas de criptografia usados atualmente para proteger dados governamentais e empresariais, aumentando a disputa tecnológica entre potências mundiais.
O CEO da Microsoft, Satya Nadella, reforçou a importância dessa aposta: “Todos os três CEOs desta empresa apostaram nisso”, referindo-se a Bill Gates, Steve Ballmer e a si mesmo.
Com os avanços da Microsoft e de outras empresas, a expectativa é que os computadores quânticos deixem de ser uma promessa distante e passem a impactar o mundo real nos próximos anos.
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