O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que o Brasil não enviará tropas para a Ucrânia, mas pode participar de uma missão de paz caso haja um acordo internacional. A declaração foi feita nesta quarta-feira (19), após especulações da imprensa estrangeira sobre a possível presença de militares brasileiros no conflito.
A revista The Economist publicou recentemente que fontes do governo dos Estados Unidos mencionaram Brasil e China como possíveis países a enviar tropas para uma força de paz. No entanto, Lula negou essa possibilidade e destacou que qualquer solução para a guerra deve envolver tanto Rússia quanto Ucrânia nas negociações, além da participação de países da União Europeia e do BRICS.
“O Brasil não enviará tropas. O Brasil só enviará missão de paz”, afirmou Lula.
Brasil defende negociações com todas as partes envolvidas
A posição brasileira foi reforçada após conversas entre Lula e o presidente da França, Emmanuel Macron. Ambos defenderam que Rússia e Ucrânia precisam estar na mesma mesa de negociação para que um acordo de paz seja possível.
Nas redes sociais, Lula disse que manifestou a Macron sua preocupação com o cenário internacional e reafirmou o compromisso do Brasil com a promoção da paz e a defesa da democracia.
Macron também se pronunciou e destacou a necessidade de mobilização da comunidade internacional para um acordo pacífico.
Lula criticou a abordagem adotada pelos Estados Unidos e pelo ex-presidente Donald Trump, que tem conversado apenas com Vladimir Putin, sem incluir o líder ucraniano Volodymyr Zelensky nas negociações.
“O papel do Trump de negociar sem querer ouvir a União Europeia é ruim, porque a União Europeia se envolveu nessa guerra com muita força. Agora, ela não pode ficar de fora da negociação”, afirmou Lula.
O Brasil defende um esforço conjunto de países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e da União Europeia para intermediar a paz.
“Se o Trump estiver jogando de verdade e quiser a paz, ele pode conseguir. Acho que a China pode ser um parceiro importante, a Índia pode ser um parceiro importante, e o Brasil pode contribuir”, disse Lula.
Brasil e seu histórico em conflitos internacionais
Apesar de sua política pacifista, o Brasil já atuou em diferentes missões internacionais, principalmente com missões de paz da ONU.
Segunda Guerra Mundial (1942-1945)
O Brasil enviou 25 mil soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para lutar ao lado dos Aliados na Itália. As tropas participaram de batalhas como Monte Castelo e Fornovo di Taro, ajudando na derrota dos nazistas.
Missão de Paz no Haiti (2004-2017)
O Brasil liderou a missão da ONU no Haiti por 13 anos, enviando mais de 37 mil militares para restaurar a segurança e ajudar na reconstrução do país, especialmente após o terremoto de 2010.
Missões na África e Oriente Médio
O Brasil também contribuiu com militares para operações de paz em Angola, Moçambique, Sudão do Sul, Líbano e Chipre, apoiando a estabilização política e humanitária nesses países.
Guerra das Malvinas (1982)
O Brasil não participou diretamente do conflito entre Argentina e Reino Unido, mas ofereceu apoio diplomático e logístico à Argentina.
Brasil como mediador internacional
A postura brasileira sempre esteve mais voltada à mediação e manutenção da paz, evitando envolvimentos militares diretos. O país segue sua tradição diplomática, baseada na neutralidade e no respeito à autodeterminação dos povos.
A posição do Brasil na guerra da Ucrânia reforça esse papel, demonstrando interesse em ajudar nas negociações, mas sem envolvimento militar.
“A paz é possível, e a comunidade internacional deve se mobilizar”, disse Macron após sua conversa com Lula.
O Brasil mantém sua disposição para atuar como mediador, promovendo diálogo e cooperação no cenário internacional.