Brasília – Após a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, senadores aliados saíram em defesa do ex-mandatário e atacaram a condução das investigações pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Os parlamentares bolsonaristas classificaram a denúncia como uma perseguição política orquestrada pelo “sistema” e afirmaram que não há provas contra Bolsonaro. Entre as principais vozes que se manifestaram publicamente estão Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES), Eduardo Girão (Novo-CE), Damares Alves (Republicanos-DF) e Ciro Nogueira (PP-PI).
Flávio Bolsonaro: “Denúncia vazia”
Filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro atacou diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e a PGR. Em publicação no X (antigo Twitter), afirmou que a denúncia não apresenta “absolutamente NENHUMA PROVA” contra Bolsonaro e acusou a Suprema Corte de interferência política.
“A tentativa de golpe nos prédios públicos vazios virou uma denúncia vazia, que não tem absolutamente NENHUMA PROVA contra Bolsonaro. Mesmo depois de Alexandre de Moraes ter esculachado o Ministério Público Federal na fabricação dos inquéritos e torturado Mauro Cid para ‘delatar’ o que não existiu, o PGR se rebaixa”, escreveu.
Flávio também ironizou a investigação e disse que a esquerda “comemora em Brasília a destruição da democracia”.
Magno Malta: “Querem vencer no tapetão”
O senador Magno Malta classificou a denúncia da PGR como parte de um plano para enfraquecer a direita por meios judiciais. Segundo ele, a esquerda não consegue vencer Bolsonaro nas urnas e, por isso, usa o Judiciário para atacá-lo.
“Essa é mais uma prova de que o sistema segue empenhado em minar a direita por meios judiciais, já que nas urnas não conseguem derrotá-la de forma legítima”, afirmou.
Malta também criticou a atuação do procurador-geral Paulo Gonet, dizendo que, quando esteve em seu gabinete, parecia um “homem equilibrado”, mas agora demonstra “parcialidade” ao apresentar a denúncia contra Bolsonaro.
“Querem vencer no tapetão, fora da arena política, como se o jogo já estivesse decidido por WO”, completou.
Eduardo Girão: “Golpe de verdade foi da Corte”
O senador Eduardo Girão ironizou a denúncia e afirmou que o verdadeiro golpe foi “da Corte com politicagem e censura”, referindo-se ao STF. Girão também citou pesquisas de opinião, indicando que a população não confia no Judiciário, mas pode ter respondido positivamente por medo de represálias.
“Golpe, de verdade, foi o da Corte com politicagem e CENSURA para dar e vender…”, escreveu.
Damares Alves: “Já estava combinado?”
A ex-ministra e senadora Damares Alves afirmou que não ficou surpresa com a denúncia da PGR e sugeriu que a decisão de prender Bolsonaro já estaria planejada.
“Já faz dias que a esquerda está anunciando que o Bolsonaro será preso em setembro. Estaria já tudo combinado? Estaria a PGR e o STF a serviço da esquerda?”, questionou.
Damares também reafirmou o apoio ao ex-presidente, afirmando que “Bolsonaro continua sendo nosso líder! Nada muda!”.
Ciro Nogueira: “Bolsonaro é inocente”
Outro senador que reagiu à denúncia foi Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro e único senador piauiense bolsonarista. Em sua defesa do ex-presidente, ele publicou uma frase repetida três vezes:
“Bolsonaro é um homem honesto, de bem e inocente. Bolsonaro é um homem honesto, de bem e inocente. Bolsonaro é um homem honesto, de bem e inocente”.
Ciro Nogueira é um dos maiores adversários do PT no estado e no cenário nacional, e sua manifestação reforça a estratégia de deslegitimar a denúncia e transformar o caso em uma pauta política.
Denúncia da PGR
A denúncia da PGR acusa Bolsonaro e aliados de articular um golpe de Estado, tentar cooptar as Forças Armadas e preparar minutas para prender ministros do STF. Entre os elementos mais graves do documento estão:
- O plano “Punhal Verde Amarelo”, que previa a neutralização de autoridades públicas, incluindo prisões e execuções;
- A minuta de decreto para prender Alexandre de Moraes e anular as eleições;
- O uso da PRF e da PF para interferir nas eleições, dificultando o acesso de eleitores favoráveis a Lula.
Agora, cabe ao ministro Alexandre de Moraes decidir se aceita a denúncia e transforma Bolsonaro e os demais acusados em réus. Caso isso ocorra, o ex-presidente poderá responder a um processo criminal que pode levá-lo a até 34 anos de prisão.
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