O Ministério das Relações Exteriores da China criticou, nesta segunda-feira (17), a decisão do governo dos Estados Unidos de revisar um documento oficial sobre Taiwan, removendo a frase que reafirmava a oposição americana à independência da ilha.
A mudança, segundo Pequim, representa um retrocesso na posição dos EUA e envia um sinal equivocado às forças separatistas taiwanesas.
“Os Estados Unidos regrediram gravemente em sua posição sobre Taiwan e enviaram uma mensagem errada às forças separatistas.”, Guo Jiakun, porta-voz do governo chinês.
Taiwan é o centro de uma disputa geopolítica
Taiwan e China se separaram em 1949, após a guerra civil chinesa, quando os comunistas tomaram o poder no continente e os nacionalistas derrotados fugiram para a ilha, estabelecendo um governo rival.
Apesar de ter seu próprio governo e forças armadas, Taiwan nunca declarou formalmente sua independência. A China considera Taiwan parte de seu território e se opõe a qualquer movimento que fortaleça sua autonomia internacional.
O Estreito de Taiwan, que separa a ilha da costa leste da China, é uma das regiões mais tensas do mundo, sendo palco de crescentes exercícios militares chineses.
O que foi alterado no documento pelo governo Trump?
Na semana passada, o Departamento de Estado dos EUA atualizou um documento sobre Taiwan em seu site oficial, retirando a frase “não apoiamos a independência de Taiwan”.
A decisão gerou forte reação do governo chinês, que a vê como um estímulo ao movimento separatista taiwanês e um risco para a estabilidade regional.
“Instamos os EUA a… pararem de encorajar e apoiar a independência de Taiwan e evitarem mais danos às relações China-EUA e à paz e estabilidade no Estreito de Taiwan”, disse o porta-voz do governo chinês.
Essa não é a primeira vez que os EUA fazem essa alteração. Em maio de 2022, a mesma frase foi removida, mas restaurada semanas depois, após forte protesto da China.
Ainda não está claro se essa mudança reflete uma nova diretriz da política externa americana sob o presidente Donald Trump, que voltou à Casa Branca no mês passado.
Taiwan reage e celebra apoio dos EUA
Enquanto a China condena a remoção da frase, Taiwan recebeu a mudança com satisfação. O governo da ilha não mencionou diretamente a alteração, mas destacou que o documento reflete a parceria próxima entre Taiwan e os Estados Unidos.
Trecho do comunicado oficial do governo de Taiwan:
“O Ministério das Relações Exteriores observou que o Departamento de Estado dos EUA atualizou a página ‘Estado Atual das Relações EUA-Taiwan’… com um texto positivo e amigável para nós, refletindo a parceria próxima e harmoniosa entre Taiwan e os Estados Unidos.”
Taiwan depende dos EUA para sua segurança, sendo o maior comprador de armas americanas, apesar de Washington não reconhecer oficialmente a ilha como um país independente.
Trump e Taiwan mantém uma relação incerta
A volta de Donald Trump ao poder adiciona incertezas à política dos EUA para Taiwan. O novo governo americano ainda não se pronunciou sobre a remoção da frase e há preocupações de que a postura de Trump possa ser menos favorável à ilha do que a do ex-presidente Joe Biden.
Na semana passada, Trump fez críticas a Taiwan, acusando o país de ter prejudicado a indústria americana de semicondutores.
“Taiwan retirou o setor de chips dos Estados Unidos, e queremos que essa indústria retorne ao país”, disse o presidente Donald Trump
O setor de semicondutores é um dos pontos estratégicos da disputa global, já que Taiwan é responsável por cerca de 60% da produção mundial de chips avançados.
China intensifica pressão militar sobre Taiwan
Além da pressão diplomática, Pequim tem reforçado exercícios militares ao redor de Taiwan, com incursões frequentes de aviões e navios militares chineses na região.
A China insiste que Taiwan deve estar sob seu controle e não descarta o uso da força para reunificar a ilha ao território continental.
Apesar da remoção da frase, o documento atualizado do governo americano ainda enfatiza que a disputa deve ser resolvida de forma pacífica.
Trecho do documento atualizado dos EUA:
“As diferenças devem ser resolvidas por meios pacíficos, livres de coerção, de uma maneira aceitável para as pessoas de ambos os lados.”
O que esperar agora?
A mudança no documento dos EUA reacende tensões entre Washington e Pequim, e especialistas apontam que os próximos meses serão decisivos para a política americana em relação a Taiwan.
📌 Reação oficial dos EUA – O governo de Trump ainda não esclareceu se a remoção da frase indica uma mudança definitiva na política americana.
📌 Próximos passos da China – Pequim pode aumentar a pressão diplomática ou intensificar exercícios militares na região.
📌 Postura de Trump em relação a Taiwan – O novo governo dos EUA pode redefinir o nível de apoio à ilha, afetando diretamente a relação com Pequim.
A questão de Taiwan continua sendo um dos principais focos de tensão na geopolítica global, e qualquer alteração na posição americana pode impactar diretamente o equilíbrio de poder na região.