São Paulo – A alta do preço do ovo no atacado atingiu um patamar recorde, registrando aumentos de até 40,8% em relação a fevereiro de 2024. O impacto já começa a ser sentido no varejo, pressionando o orçamento dos consumidores. A escalada dos preços é impulsionada por uma combinação de demanda sazonal, custos de produção elevados e mudanças regulatórias, o que acende o alerta para os próximos meses.
📊 Recorde no preço do ovo
📈 Preço no atacado bate recorde e preocupa o varejo
O preço dos ovos no atacado atingiu o maior valor desde 2013 em termos nominais. Os aumentos mais expressivos foram registrados em regiões-chave da produção e consumo, como:
- Santa Maria de Jetibá (ES): Maior produtora do Brasil, também registrou valores recordes.
- Grande São Paulo: O ovo branco subiu 18% (de R$ 172,49 para R$ 203,57), enquanto o vermelho aumentou 14,7% (de R$ 200,25 para R$ 229,78).
- Grande Belo Horizonte: Alta de 21,9% para o ovo branco e 16,2% para o ovo vermelho.
No varejo, a expectativa é que essa alta seja repassada gradualmente aos consumidores, com impacto direto no custo da alimentação básica.
🔍 O que está por trás da alta do preço do ovo?
Diversos fatores explicam o aumento expressivo no preço dos ovos:
🥚 1. Demanda sazonal
O período da Quaresma (5 de março a 17 de abril) tradicionalmente eleva o consumo de ovos, pois muitas famílias reduzem o consumo de carne vermelha, migrando para essa proteína mais acessível.
🥩 2. Substituição de proteínas
Com a carne bovina registrando aumentos de 20% a 25% em 2024, os ovos se tornam uma alternativa mais barata, intensificando a demanda.
🌾 3. Custos de produção
Os preços da ração animal subiram significativamente, pressionando os produtores. Além disso, a Portaria nº 1.179 do Ministério da Agricultura reduziu o peso médio dos ovos em 10g, impactando a relação custo-benefício para o consumidor.
🏭 4. Oferta restrita
A produção sazonal de ovos reduz entre dezembro e fevereiro, só se recuperando em março, o que limita a oferta e sustenta os preços elevados.
🏪 Impactos no varejo e nos consumidores
A alta no atacado deve afetar o consumidor final nos próximos meses, especialmente em grandes redes de supermercados.
- Os preços do ovo no varejo registraram queda de 4,53% nos últimos 12 meses até dezembro de 2024, mas essa redução pode ser revertida devido à recente escalada dos preços no atacado.
- Em Cidade Ocidental (GO), a bandeja de 20 ovos saltou de R$ 14,99 para R$ 20,99, impactando diretamente o poder de compra da população.
- O varejo está preocupado com o abastecimento na Quaresma e possíveis reajustes adicionais.
🌎 Preços disparam nos EUA
Nos Estados Unidos, os preços dos ovos dispararam 15% em um mês devido a surtos de gripe aviária, resultando em prateleiras vazias e preços de até US$ 8,97 por dúzia na Califórnia.
O aumento da procura global por ovos levou a um crescimento das exportações brasileiras, principalmente para o Oriente Médio e a África. Apesar disso, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirma que não há risco de desabastecimento interno.
📉 O que esperar nos próximos meses?
As projeções indicam que os preços continuarão pressionados até a Quaresma.
- Em São Paulo, a expectativa é de uma leve alta de 0,66% para ovos brancos e 0,38% para ovos vermelhos até abril.
- O impacto no varejo dependerá da capacidade de repasse dos supermercados e do possível aumento no consumo de proteínas alternativas, como o frango.
- A inflação dos alimentos em 2025 pode alcançar 7,25% (Warren Investimentos) e 5,5% (LCA), acima do IPCA geral.
⚠️ Implicações econômicas e sociais
A alta dos ovos tem reflexos diretos na inflação dos alimentos, que representam 15,4% do IPCA. Restaurantes, bares e padarias também podem repassar os aumentos ao consumidor final.
Os mais afetados são os brasileiros de baixa renda, que destinam uma parcela maior de seus rendimentos à alimentação básica.
O governo ainda não se posicionou oficialmente sobre a crise. Enquanto isso:
- O Ministério da Agricultura não comentou as críticas sobre a portaria que reduziu o peso dos ovos.
- O presidente Lula alertou contra reajustes abusivos após o aumento do salário mínimo, buscando evitar uma corrosão imediata do poder de compra da população.
No cenário internacional, a crise nos EUA impulsiona as exportações brasileiras, mas ainda sem risco imediato de escassez interna. A solução passa por um equilíbrio entre oferta, políticas agrícolas e controle inflacionário, garantindo que o impacto social seja minimizado.