O setor de etanol pode se tornar um novo ponto de tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, após o governo americano indicar a possibilidade de impor tarifas recíprocas sobre o produto brasileiro. A medida seria uma retaliação à tarifa de 18% que o Brasil cobra sobre o etanol americano, dificultando as exportações dos EUA.
A questão faz parte do “Plano Justo e Recíproco”, anunciado pelo presidente Donald Trump nesta quinta-feira (13), que busca equilibrar as relações comerciais americanas com diversos países, impondo taxas proporcionais às aplicadas pelos parceiros comerciais sobre produtos dos EUA.
Como funcionam as tarifas brasileiras sobre o etanol?
Atualmente, o Brasil impõe uma tarifa de 18% sobre o etanol importado dos EUA, um aumento em relação aos 16% cobrados até 2023.
📌 2011-2017: As exportações americanas de etanol para o Brasil foram praticamente livres de impostos.
📌 2017-2022: O Brasil impôs uma cota tarifária e, posteriormente, adotou uma tarifa externa comum do Mercosul de 20% sobre o etanol importado.
📌 2022: Em março, a tarifa foi suspensa temporariamente para conter os impactos da inflação global.
📌 2023-2024: A tarifa foi reimposta em 16% e depois elevada para 18%, afetando as exportações americanas.
Impacto nas exportações dos EUA
A barreira tarifária brasileira gerou uma redução drástica das exportações americanas de etanol para o Brasil.
🔻 2018: Os EUA exportaram 489 milhões de galões de etanol para o Brasil, gerando US$ 761 milhões em receita.
🔻 2024: Esse volume caiu para apenas 28 milhões de galões, com um valor de US$ 53 milhões.
Diante desse cenário, a Renewable Fuels Association (RFA), principal associação do setor nos EUA, pressiona o governo Trump para aplicar tarifas sobre o etanol brasileiro, caso o Brasil não elimine as barreiras ao produto americano.
“Agradecemos ao presidente Trump por seu compromisso em restabelecer uma relação comercial justa e recíproca no setor de etanol com o Brasil”, afirmou a RFA.
Brasil busca flexibilização para etanol de aviação
O governo brasileiro, por outro lado, demonstra disposição para reduzir a tarifa, mas espera concessões dos EUA, especialmente no setor de etanol de cana-de-açúcar para combustível sustentável de aviação (SAF – Sustainable Aviation Fuel).
O ministro da Agricultura do Brasil afirmou que o país não pode “precarizar ainda mais a situação dos produtores brasileiros”, sugerindo que as tarifas poderiam ser revistas se os EUA ampliarem as importações de etanol de cana.
O governo brasileiro espera que Trump exija a remoção da tarifa de 18% sobre o etanol americano para beneficiar os produtores rurais dos EUA. Se o Brasil não ceder, é provável que os EUA imponham tarifas recíprocas sobre o etanol brasileiro, o que poderia prejudicar exportadores brasileiros e o mercado global de biocombustíveis.
A escalada na disputa tarifária entre os dois países pode afetar negociações comerciais mais amplas e colocar pressão sobre o governo brasileiro para encontrar um equilíbrio entre proteger seus produtores e evitar retaliações dos EUA.
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