O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (13/2) um memorando presidencial que estabelece a criação do “Plano Justo e Recíproco”, uma estratégia para corrigir desequilíbrios no comércio internacional e fortalecer a competitividade americana.
A nova política busca enfrentar práticas comerciais desleais, impondo tarifas proporcionais às cobradas por outros países sobre exportações dos EUA. Segundo Trump, a iniciativa coloca os trabalhadores americanos em primeiro lugar, reduz o déficit comercial e reforça a segurança econômica nacional.
“Os dias em que a América era explorada ficaram para trás. Este plano garantirá que o comércio seja justo e que os EUA não sejam mais prejudicados por acordos desiguais.”
Críticas às barreiras comerciais enfrentadas pelos EUA
O governo Trump argumenta que, enquanto os EUA mantêm uma economia aberta, muitos de seus parceiros comerciais adotam tarifas elevadas e restrições contra produtos americanos. O memorando presidencial cita exemplos de desequilíbrios tarifários:
📌 Brasil e o etanol: Enquanto os EUA cobram apenas 2,5% de tarifa sobre o etanol importado, o Brasil impõe 18% sobre o etanol americano. Em 2024, os EUA importaram US$ 200 milhões em etanol brasileiro, mas exportaram apenas US$ 52 milhões para o Brasil.
📌 Índia e motocicletas: A tarifa dos EUA sobre motocicletas indianas é de apenas 2,4%, enquanto a Índia impõe uma taxa de 100% sobre motocicletas americanas.
📌 União Europeia e frutos do mar: Os EUA permitem a importação irrestrita de mariscos da UE, mas a União Europeia proíbe a entrada de produtos de frutos do mar de 48 estados americanos. Como consequência, em 2023, os EUA importaram US$ 274 milhões em frutos do mar da UE, enquanto suas exportações para o bloco foram de apenas US$ 38 milhões.
📌 Setor automotivo: A União Europeia cobra uma tarifa de 10% sobre carros importados, enquanto os EUA impõem apenas 2,5% sobre veículos europeus.
Déficit comercial ultrapassa US$ 1 trilhão
O documento ressalta que os Estados Unidos acumulam um déficit comercial de bens desde 1975, atingindo mais de US$ 1 trilhão em 2024. No setor agrícola, o déficit comercial americano chegou a US$ 40 bilhões no ano passado, reflexo do crescimento de barreiras tarifárias e barreiras não tarifárias impostas por outros países.
Além das tarifas, Trump também criticou a cobrança de impostos sobre serviços digitais por países como Canadá e França, que arrecadam mais de US$ 500 milhões por ano de empresas americanas. No total, esses tributos custam às companhias dos EUA mais de US$ 2 bilhões anualmente.
“As tarifas recíprocas trarão justiça e prosperidade ao distorcido sistema de comércio internacional e impedirão que os americanos sejam explorados.”
Histórico de medidas protecionistas
Desde seu primeiro mandato, Trump tem adotado uma postura agressiva para reformar acordos comerciais e impor barreiras tarifárias. O governo cita algumas das principais medidas já implementadas:
🔹 Fim do NAFTA e criação do USMCA – Trump encerrou o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) e o substituiu pelo USMCA, que fortaleceu a proteção aos trabalhadores americanos.
🔹 Tarifas sobre aço e alumínio – Em resposta ao excesso de oferta global, o governo impôs tarifas sobre importações de aço e alumínio, alegando razões de segurança nacional.
🔹 Sanções comerciais contra a China – Trump impôs tarifas sobre produtos chineses para combater roubo de propriedade intelectual e transferência forçada de tecnologia.
🔹 Pressão sobre Canadá e México – Recentemente, o governo usou tarifas como ferramenta de negociação para obrigar Canadá e México a endurecerem medidas de controle fronteiriço.
O que esperar do “Plano Justo e Recíproco” de Trump?
O Plano Justo e Recíproco é mais um passo na estratégia de Trump para fortalecer a posição dos EUA no comércio global. Com a adoção de tarifas recíprocas, o governo espera:
✅ Reduzir o déficit comercial, equilibrando a balança comercial com países que impõem barreiras aos produtos americanos.
✅ Proteger indústrias nacionais, garantindo que empresas americanas tenham condições de competir em igualdade de condições.
✅ Reforçar a segurança econômica e nacional, impedindo que setores estratégicos fiquem vulneráveis a práticas desleais.
A nova política, no entanto, pode gerar retaliações comerciais de parceiros estratégicos como Brasil, China e União Europeia, o que poderia aumentar a tensão no comércio global.
Com a assinatura do memorando presidencial, o governo agora trabalhará na elaboração das diretrizes específicas do plano, que devem ser divulgadas nos próximos meses.
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