O bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) e assessor do presidente dos EUA Donald Trump, acusou o governo de Joe Biden de ter financiado a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. A declaração foi feita na rede social X, onde Musk é o maior acionista, em resposta a uma publicação do senador republicano Mike Lee (Utah).
Lee questionou seus seguidores sobre uma possível interferência americana no pleito brasileiro.
“Se o governo dos EUA tivesse financiado a derrota de Bolsonaro por Lula, isso te incomodaria? Eu ficaria lívido. Quem está comigo nessa?”, escreveu o senador.
Musk, então, respondeu: “Bem, o ‘deep state’ dos EUA fez exatamente isso”, usando um termo conspiracionista que se refere a um suposto governo paralelo operando à revelia dos líderes eleitos.
Eduardo Bolsonaro busca reforçar narrativa bolsonarista nos EUA
A declaração de Musk acontece dois dias após a chegada de Eduardo Bolsonaro a Washington D.C., onde o deputado federal se reuniu com parlamentares republicanos aliados de Trump, incluindo Mike Lee. O objetivo da viagem seria coletar informações que sustentem a tese de que os EUA favoreceram Lula em 2022, um discurso amplamente difundido por apoiadores de Bolsonaro.
A movimentação de Eduardo Bolsonaro faz parte de uma estratégia maior para criar um ambiente favorável à anistia dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, o que, em última instância, poderia reabilitar Jair Bolsonaro eleitoralmente para 2026.
Entre os exemplos da suposta interferência citados por aliados de Trump e bolsonaristas está a participação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em um estudo internacional contra fake news, financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAid).
Elon Musk e a ofensiva contra o STF e o governo Lula
Nos últimos meses, Musk tem adotado um tom cada vez mais crítico ao governo brasileiro e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O bilionário já acusou o magistrado de censura devido às decisões que ordenaram a remoção de perfis bolsonaristas no X, no contexto dos inquéritos contra Bolsonaro. Em abril de 2024, Musk chegou a desafiar publicamente Moraes e ameaçou tornar públicas as ordens judiciais para remoção de conteúdo na plataforma.
Além disso, Musk afirmou no ano passado que Lula perderia as eleições de 2026, intensificando sua oposição ao atual governo brasileiro.
USAid e a política de Trump para a agência
Criada nos anos 1960 durante a Guerra Fria, a USAid financia projetos em diversos países, incluindo o Brasil, em áreas como governança, saúde e desenvolvimento social. Em 2023, a agência destinou US$ 40 bilhões (R$ 235 bilhões) para programas em 130 nações – montante que representa apenas 1% do orçamento dos EUA.
Trump, no entanto, congelou temporariamente os investimentos da USAid e já declarou que pretende desmantelar a agência se for reeleito. Musk, que chefia o Departamento de Eficiência Governamental (Doge), também defende essa medida.
Impacto das declarações de Musk
A afirmação de Musk sobre suposta interferência de Biden no Brasil deve inflamar ainda mais a base bolsonarista, que segue em busca de uma “prova irrefutável” de que houve influência externa nas eleições de 2022. No entanto, até o momento, não há evidências concretas que sustentem essa acusação.
Os registros públicos indicam apenas que, antes do pleito, o governo americano alertou Bolsonaro de que não aceitaria uma ruptura democrática caso ele fosse derrotado. Após os ataques de 8 de janeiro de 2023, os EUA condenaram as invasões e reforçaram seu apoio às instituições democráticas brasileiras.
Diante desse cenário, as declarações de Musk podem fortalecer teorias conspiratórias e reforçar a polarização política tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, onde Trump e Biden já se preparam para um novo embate eleitoral em novembro de 2024.
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