Teresina, 13 de fevereiro de 2025
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Inflação e aprovação presidencial: Como a alta nos preços afeta governos no Brasil?

Novas medidas de Trump ameaçam o governo Lula
Lula faz ministério sobre reforma ministeral, mas elogia Gleisi. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O aumento dos preços dos alimentos tem sido um dos principais fatores por trás da queda na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo pesquisa da AtlasIntel para a Bloomberg News, divulgada em janeiro, 51% dos brasileiros desaprovam a gestão de Lula, enquanto a aprovação caiu para 46%. Esse é o quinto mês consecutivo de aumento na desaprovação, tendência que se intensifica à medida que a inflação pesa sobre o orçamento das famílias.

O cenário não é inédito na política brasileira. Ao longo das últimas décadas, sempre que a inflação disparou, a popularidade presidencial sofreu quedas significativas. Dilma Rousseff (PT) e Jair Bolsonaro (PL) passaram por crises semelhantes, que impactaram diretamente sua viabilidade política.

Histórico: Inflação e crises de popularidade no Brasil

A relação entre alta de preços e desgaste presidencial tem sido observada em diversos momentos da história recente do país.

📌 Dilma Rousseff (2015-2016): Durante seu segundo mandato, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 10,71% em dezembro de 2015 (IBGE), pressionada pelo aumento dos preços de energia elétrica e combustíveis. A crise econômica, combinada com baixa confiança no governo, resultou em uma desaprovação de 69% (Datafolha, março de 2016), sendo um dos fatores que impulsionaram o impeachment.

📌 Jair Bolsonaro (2021-2022): Em meio à pandemia e à crise global dos combustíveis, a inflação brasileira atingiu 10,06% em 2021 e se manteve elevada em 2022, com a gasolina chegando a custar mais de R$ 7,00 por litro em diversas capitais. A aprovação do ex-presidente despencou para 24% em julho de 2022 (Datafolha), afetando suas chances de reeleição.

📌 Lula (2024-2025): Lula (2023-2025): Inflação e o Desafio dos Alimentos

Em 2024, a inflação geral medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou em 4,83%. No entanto, o subgrupo “Alimentação no Domicílio” apresentou um aumento significativamente maior, de 8,23%. Essa disparidade tem gerado preocupação, especialmente para famílias de baixa renda que destinam uma parcela maior de sua renda à alimentação.

Inflação dos alimentos em 2024

  • Inflação Geral dos Alimentos: 7,69%, superando a inflação oficial do país.
  • Principais Impulsionadores: Aumentos notáveis foram observados nos preços da carne (20,8%) e do café moído (39,6%).

Em resposta ao aumento dos custos dos alimentos, o Presidente Lula convocou reuniões com ministros para abordar a questão. O governo está se concentrando em estimular a produção de bens essenciais da cesta básica através do Plano Safra, que visa reduzir as taxas de juros. Além disso, o governo planeja se engajar com supermercados, frigoríficos e produtores para aumentar a produção de alimentos. O governo afirmou que não implementará medidas como congelamento de preços, controles ou a criação de redes varejistas estatais.

Projeções de Mercado para a Inflação:

O Banco Central tem como meta uma taxa de inflação de 3,00% a partir de janeiro de 2025, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual. Se o IPCA ficar fora da meta por seis meses consecutivos, o Banco Central será considerado como tendo falhado em sua meta.

O impacto da inflação dos alimentos na população

A alimentação pesa diretamente no bolso dos brasileiros. De acordo com o Dieese, o salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 6.439,62 em dezembro de 2023, muito acima do mínimo atual de R$ 1.412.

Em momentos de inflação alta, o consumo cai, a insatisfação cresce e o governo enfrenta dificuldades para manter o apoio popular. Esse fenômeno é ainda mais forte entre as classes C, D e E, onde o custo da alimentação tem um peso maior no orçamento doméstico.

O que o governo está fazendo para conter a crise?

O governo Lula já adotou algumas medidas para aliviar os impactos da alta nos preços, incluindo:

Aumento do salário mínimo acima da inflação, com reajuste para R$ 1.412 em 2024.
Expansão do Bolsa Família, garantindo um mínimo de R$ 600 por família e adicionais para crianças e adolescentes.
Redução dos juros básicos (Selic) pelo Banco Central, passando de 13,75% para 11,25% ao ano, o que pode estimular a economia no médio prazo.

Porém, especialistas alertam que o controle da inflação dos alimentos exige ações estruturais, como investimentos na produção agrícola, subsídios para insumos e políticas de incentivo à distribuição de produtos essenciais.

O futuro da popularidade de Lula e o peso da economia

A aprovação de Lula segue acima de 45%, mas a tendência de queda preocupa o Planalto. Historicamente, presidentes que enfrentaram crises econômicas sem recuperação significativa perderam apoio popular e, em alguns casos, não conseguiram concluir seus mandatos ou se reeleger.

Para reverter esse cenário, o governo precisará equilibrar o controle da inflação com a manutenção de políticas sociais e crescimento econômico. Se os preços dos alimentos continuarem pressionando o bolso dos brasileiros, a economia poderá se tornar o maior desafio político de Lula em 2024.

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