O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a necessidade de aumentar os investimentos na educação pública, defendendo que a classe média volte a estudar em escolas públicas e criticando os obstáculos financeiros para a expansão da rede educacional no Brasil. O discurso foi feito durante a cerimônia de entrega do Prêmio Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização, com a presença do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do ministro da Educação, Camilo Santana.
Lula também criticou setores econômicos que questionam o piso salarial dos professores e reafirmou que, enquanto for presidente, não faltará dinheiro para a recuperação da educação no país.
Classe média e ensino público
O presidente enfatizou que a educação pública brasileira já foi referência para grandes intelectuais, como Paulo Freire, Marilena Chauí e Florestan Fernandes, mas que, com o aumento do acesso ao ensino, tornou-se necessário mais investimentos para garantir qualidade a todos.
“Esse país só vai dar certo o dia que a classe média voltar para a escola pública. E só vai voltar para a escola pública quando ela melhorar. Já foi assim: os grandes intelectuais brasileiros estudaram em escolas públicas.”
Lula destacou que, quando apenas uma pequena parcela da população tinha acesso ao ensino público, a oferta de qualidade era mais fácil. Porém, com a ampliação do acesso à educação, o governo precisa destinar mais recursos para melhorar a infraestrutura e as condições de ensino.
Crítica aos entraves econômicos e ao piso salarial dos professores
Durante o evento, o presidente também criticou economistas e gestores que, segundo ele, dificultam a destinação de verbas para a construção de escolas e institutos federais.
“Falava para o (Fernando) Haddad e falo para o Camilo: toda vez que a gente quer fazer algo a mais, alguém diz ‘não tem dinheiro’.”
Lula comparou a situação à administração de um sindicato ou associação de bairro, onde sempre há disputas entre o orçamento disponível e as demandas. O presidente, no entanto, garantiu que, enquanto estiver no cargo, a educação será prioridade:
“Enquanto eu for presidente da República, não vai faltar recurso para a gente recuperar a educação desse país. Porque é uma condição de vida e uma aposta que estamos fazendo no país.”
Outro ponto abordado foi a valorização dos professores. Lula repreendeu críticas ao piso salarial da categoria, atualmente fixado em R$ 4.800, afirmando que muitos consideram esse valor alto, o que, para ele, demonstra uma desvalorização histórica dos profissionais da educação.
“Tem gente que acha que é muito dinheiro para o professor ganhar R$ 4.800.”
O piso salarial dos professores tem sido um tema recorrente de debate entre estados e municípios, que alegam dificuldades orçamentárias para cumprir a legislação. No entanto, o governo federal tem defendido a valorização dos docentes como um dos principais eixos para a melhoria do ensino no país.
Crítica a ex-governantes e políticas econômicas
Lula também fez críticas indiretas a ex-governantes, argumentando que, historicamente, o Brasil foi administrado para apenas uma parte da população. Segundo ele, se o país governasse apenas para 35% da população mais rica, não haveria problemas orçamentários ou déficits fiscais.
“Esse país tem gente que acha que ele tinha que ser governado apenas para 35% da população. Apenas para essa parte da população, a gente não teria problema de orçamento, não teria problema de déficit fiscal.”
A declaração faz referência a políticas econômicas que, segundo Lula, não priorizaram o investimento em educação e na inclusão social, agravando as desigualdades no acesso ao ensino de qualidade.
Investimentos em educação e desafios para o futuro
A ampliação dos institutos federais, universidades públicas e escolas técnicas tem sido uma das principais bandeiras do governo. O Ministério da Educação (MEC) já anunciou planos para expandir a rede de ensino, melhorando infraestrutura, formação docente e acesso à tecnologia nas escolas públicas.
Os desafios, no entanto, envolvem restrições orçamentárias e disputas políticas. Governadores e prefeitos frequentemente alegam falta de recursos para investir na educação básica, enquanto especialistas reforçam a necessidade de melhor gestão dos recursos disponíveis.
A fala de Lula reflete a intenção do governo de fortalecer a rede pública de ensino, garantindo acesso equitativo e qualidade para todas as camadas da população. A expectativa agora é que as políticas educacionais sejam reforçadas e ampliadas ao longo do mandato.