Brasília – Nos corredores do Palácio do Planalto, onde negociações ocorrem longe dos microfones, um nome ressoa cada vez mais alto: Rodrigo Pacheco. O agora ex-presidente do Senado tornou-se peça-chave nas movimentações do governo Lula para os próximos meses. Nos bastidores, ministros e articuladores já preparam o terreno para que o senador mineiro integre a Esplanada dos Ministérios.
A conversa, ainda em fase de gestação, teve um primeiro aceno direto no sábado, quando Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, avisou a Pacheco que gostaria de discutir espaços no governo. Entre os aliados do parlamentar, a expectativa é de que uma definição sobre sua entrada no primeiro escalão possa ocorrer ainda nesta semana, antes de seu breve recesso de 15 dias.
“Quero conversar com ele para saber qual é a vontade dele. Tem muita gente falando coisas e eu nunca ouvi dele, literalmente, o que ele quer”, afirmou Wagner, deixando no ar o suspense sobre o destino do senador, segundo O GLOBO.
O comentário ecoa um sentimento predominante dentro do Planalto: a aposta de que Pacheco tem ambições maiores e que a entrada no governo poderia ser o caminho para um futuro ainda mais promissor.
O mapa do tabuleiro: onde Pacheco se encaixa?
A preferência do Planalto parece girar em torno do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, hoje ocupado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. A leitura política é clara: Pacheco, um mineiro de destaque, poderia servir de ponte entre Lula e o empresariado do estado, tradicionalmente alinhado ao governador Romeu Zema (Novo).
Além disso, seu nome também circula como opção para outras pastas estratégicas, como Justiça e Ciência e Tecnologia. A primeira, especialmente sensível para o governo, se tornará ainda mais relevante nos próximos meses, diante da expectativa de embates sobre segurança pública e reformas no sistema judiciário.
A equação política e o fator 2026
A movimentação não é apenas uma tentativa de acomodação política momentânea. Nos bastidores, há quem veja na possível nomeação de Pacheco um ensaio para 2026. O presidente Lula já vocalizou seu desejo: quer o senador mineiro na disputa pelo governo de Minas Gerais.
“O que eu quero é que o Pacheco seja governador de Minas Gerais”, disse Lula em entrevista recente, deixando claro seu projeto para um dos estados mais estratégicos do país.
Dentro do Planalto, auxiliares do presidente tentam costurar a entrada de Pacheco no governo atrelada a um compromisso: disputar Minas em 2026. O desafio? O senador não é do tipo que antecipa seus movimentos. Pessoas próximas afirmam que ele prefere esperar as peças do tabuleiro se ajustarem antes de assumir qualquer compromisso com o futuro.
Nas próximas semanas, os articuladores políticos de Lula devem intensificar as conversas para convencê-lo. Mas a equação não é simples. Para Pacheco, o movimento precisará ser bem calculado: sua nomeação será um gesto partidário de aproximação com o PSD ou um aceno de Lula em sua cota pessoal? O que ele precisará entregar em troca?
Enquanto as negociações avançam, o senador mineiro mantém o silêncio calculado de quem sabe o peso do seu passe. Para o governo, o tempo urge. E, para Pacheco, a decisão pode ser um divisor de águas para seu futuro político.