A negociação em torno da relatoria do Orçamento de 2026 já movimenta os bastidores do Congresso, mesmo antes da aprovação do Orçamento de 2025. Os partidos MDB e União Brasil disputam acirradamente a posição, considerada uma das mais cobiçadas no Congresso Nacional, por envolver o controle das despesas do governo federal no próximo ano. Embora a disputa ainda esteja em estágio inicial, ambos os partidos não parecem dispostos a abrir mão do cargo.
União Brasil e MDB
A relatoria do Orçamento 2025 foi atribuída a um senador, o que abre a vaga para um deputado em 2026. A disputa, portanto, se intensifica entre os deputados do União Brasil e do MDB, com o apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) como uma das articulações em jogo. O novo líder do União Brasil, Pedro Lucas (MA), se reunirá com Motta para discutir o assunto, em uma tentativa de garantir a posição para seu partido.
Reforma ministerial e o impacto nas articulações
Embora, nos bastidores, a expectativa fosse de que o União Brasil assumisse a relatoria do Orçamento de 2026, o apoio tardio ao candidato Hugo Motta, na eleição para a presidência da Câmara, abriu espaço para o MDB firmar um acordo. No entanto, a presença do MDB na negociação é acompanhada de uma possível reforma ministerial que pode interferir no desenrolar dos planos.
Integrantes do MDB afirmam que a disputa pela relatoria está descolada de qualquer articulação para uma reforma ministerial. Entretanto, nomes como o do líder do partido, Isnaldo Bulhões (AL), têm ganhado destaque, gerando especulações sobre o preenchimento de cargos-chave no governo. De acordo com um deputado do MDB, a relatoria do Orçamento foi definida pelo acordo com Motta, independente da reformulação ministerial.
União Brasil e o interesse pela relatoria do orçamento
Dentro do União Brasil, apesar de alguns parlamentares aceitarem que o MDB ficou com a relatoria, outros continuam a pressionar pela vaga. Um dos nomes defendidos por parte da bancada é o do deputado Damião Feliciano (União-PB), que, embora tenha aberto mão da liderança, continua com pretensões na disputa.
Antonio Rueda, presidente do União Brasil, também exerce pressão para colocar um nome alinhado à sua gestão na relatoria, buscando, assim, fortalecer sua bancada na Câmara. Segundo aliados, Rueda busca “fazer uma bancada na Câmara com a sua cara”, o que complica ainda mais as articulações internas no partido.
Jogo no MDB
Dentro do MDB, os deputados defendem que o acordo com Motta é claro quanto à indicação do partido para a relatoria do Orçamento 2026. O líder do MDB, Isnaldo Bulhões, também está no radar para ocupar a liderança do governo ou o Ministério das Relações Institucionais, o que dificultaria a combinação de mais um cargo de tamanha importância para o partido.
Porém, integrantes da sigla insistem que, embora haja essas discussões ministeriais, a relatoria do Orçamento está dissociada de qualquer articulação para a reforma ministerial. De acordo com um deputado influente, “não tem relação uma coisa com a outra”.
CCJ e revezamento entre MDB e União Brasil
Confirmada a presença do MDB na relatoria do Orçamento, o União Brasil deve assumir a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), um dos postos mais estratégicos da Câmara. Esse acordo já estava definido em 2023, quando foi acertado o revezamento entre os dois partidos para 2025 e 2026.
No entanto, o PL, partido com a maior bancada na Câmara, com 99 deputados, também está pressionando por mais espaço e exige que o regimento da Casa seja cumprido, o que inclui o direito de escolher as primeiras comissões. O novo líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), já agendou uma reunião para definir as prioridades de sua sigla.