Teresina, 31 de janeiro de 2025
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Distribuição desigual de médicos no Brasil

O Brasil não sofre com a falta de médicos, mas com uma má distribuição desses profissionais pelo território nacional.
Oncologista Paulo Hoff, professor titular da Faculdade de Medicina da USP. Foto: Edilson Dantas

O Brasil não sofre com a falta de médicos, mas com uma má distribuição desses profissionais pelo território nacional. Essa é a avaliação do oncologista Paulo Hoff, professor titular da Faculdade de Medicina da USP e diretor de oncologia da Rede D’Or. Segundo ele, o país precisa investir em programas que incentivem a fixação de médicos em regiões carentes, por meio de infraestrutura adequada e pagamentos atrativos.

Atração para áreas carentes e infraestrutura

Um dos grandes desafios, segundo o especialista, é atrair médicos para regiões com menor oferta de atendimento. Ele aponta que a criação de residências médicas nessas localidades pode contribuir para reverter esse quadro. “O médico se estabelece onde construir sua vida. É preciso criar condições para que ele se sinta atraído a permanecer onde há necessidade”, explicou.

Além da concorrência competitiva, a Hoff enfatiza a importância da infraestrutura hospitalar e ambulatorial. “Não adianta enviar um profissional para um local sem suporte adequado. Sem uma estrutura mínima, ele se frustra e tende a retornar aos grandes centros”, pontudo.

Formação e regulação

Outro ponto de preocupação levantado pelo oncologista é a abertura excessiva de novas faculdades de Medicina sem critérios rígidos de qualidade. “O país está formando médicos até demais, mas muitos sem a devida qualificação”, alertou. Ele defende a implementação de um exame nacional de proficiência, semelhante à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para garantir a capacitação dos formandos. “Não é para eliminar pessoas, mas garantir que os profissionais estejam preparados para uma das profissões mais importantes que existem”, argumentou.

Atualmente, o Brasil forma cerca de 40 mil médicos por ano, mas oferece apenas 18 mil vagas de residência, um gargalo que pode comprometer a especialização dos profissionais.

Tecnologia e futuro da medicina

Paulo Hoff também comentou sobre o impacto das novas tecnologias na prática médica, como a inteligência artificial e a telemedicina. Ele destaca que o avanço digital pode melhorar a eficiência dos atendimentos, mas que sua aplicação ainda está em desenvolvimento. “A inteligência artificial pode auxiliar diagnósticos e tratamentos, além de melhorar a interoperabilidade dos prontuários eletrônicos”, afirmou.

O oncologista também ressaltou que o câncer deverá se tornar a principal causa de mortes no Brasil até 2030, o que exigirá maior atenção à formação de especialistas na área. “Mesmo quem não se especializa em oncologia precisará estar preparado para diagnosticar e encaminhar pacientes corretamente”, concluiu.

A fala do especialista reforça a necessidade de uma política pública estruturada para equilibrar a distribuição médica e melhorar a qualidade da formação no país. Sem essas medidas, o aumento no número de médicos não será suficiente para resolver as desigualdades no acesso à saúde.

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