Brasília – As negociações para a composição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados seguem travadas devido a divergências entre os partidos aliados ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), favorito para assumir a presidência da Casa. Enquanto o Senado já tem os acordos bem encaminhados, na Câmara, a entrada tardia do União Brasil no bloco de apoio a Motta se tornou o principal obstáculo para o fechamento da distribuição de cargos.
A legenda, que inicialmente cogitou lançar candidatura própria com Elmar Nascimento (BA), desistiu da disputa para integrar o grupo de apoio ao favorito. Agora, o partido busca espaços estratégicos na Mesa Diretora e na relatoria do orçamento, esbarrando em acordos previamente firmados por outras siglas, como PP e MDB, que foram os primeiros a aderir à candidatura de Motta.
A eleição para a presidência do Congresso acontecem neste sábado.
Disputa por posições-chave na Mesa Diretora
Os principais cargos da Mesa Diretora da Câmara já estão praticamente definidos. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e o maior da Casa, ficará com a primeira vice-presidência, indicando Altineu Côrtes (RJ). Já o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fechou acordo para que Carlos Veras (PE) assuma a primeira-secretaria, responsável pela administração da Câmara.
Entretanto, os cargos de menor escalão ainda geram atritos. O União Brasil pleiteia a segunda vice-presidência para Elmar Nascimento e também a relatoria do orçamento, um dos espaços mais cobiçados. O problema é que PP e MDB, que já estavam no grupo de apoio antes do União, reivindicam os mesmos postos.
O deputado Lula da Fonte (PP-PE) tem apoio para assumir a segunda vice-presidência, enquanto o MDB argumenta que o acordo original previa que a legenda indicasse o relator do orçamento. A pressão do União para garantir essas posições gerou resistência dentro do bloco.
Nunca houve essa disputa. O acordo sempre foi muito claro: o MDB indicará o relator do orçamento. Nunca esteve em discussão outra ideia, declarou o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL).
Enquanto isso, Elmar Nascimento insiste que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ficará com o MDB, mas que seu partido não abrirá mão da relatoria do orçamento.
Solução só deve sair em março
As divergências sobre o orçamento não devem ser resolvidas de imediato, pois o Congresso ainda precisa votar o orçamento de 2024. No entanto, a definição dos cargos na Mesa Diretora precisa acontecer nos próximos dias, já que a eleição ocorre neste sábado (1º de fevereiro).
Na tentativa de acomodar o União Brasil, foi oferecida ao partido a segunda-secretaria da Mesa, responsável pela interlocução da Câmara com embaixadas, além da presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). No entanto, o partido segue resistente, priorizando sua reivindicação sobre o orçamento.
O líder do PP na Câmara, Dr. Luizinho (RJ), minimizou os impasses, afirmando que as negociações ainda estão em andamento e que o consenso será alcançado.
Paralelamente às negociações na Mesa Diretora, o União Brasil se encaminha para eleger um novo líder na Câmara. A expectativa é que Pedro Lucas Fernandes (MA) seja formalizado no cargo nesta sexta-feira (2), substituindo Elmar Nascimento.
A troca de liderança também gerou tensão interna na legenda. Uma ala do União critica a forte influência do presidente do partido, Antonio Rueda, no processo, argumentando que Pedro Lucas não tem amplo reconhecimento entre os deputados da sigla. Para esses parlamentares, a escolha dele representa uma tentativa de Rueda de manter o controle sobre a bancada.
Apesar das críticas, os aliados de Rueda garantem que ele tem maioria dentro do partido para consolidar a eleição de seu candidato.
Cenário político em transformação
A composição da Mesa Diretora da Câmara é fundamental para a governabilidade e definição da agenda legislativa nos próximos dois anos. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem interesse direto na eleição de aliados para cargos estratégicos, garantindo um ambiente mais favorável para a tramitação de suas pautas.
Com as articulações ainda em curso, a expectativa é de que nos próximos dias as negociações avancem e os últimos impasses sejam resolvidos, definindo de vez o novo equilíbrio de forças dentro da Câmara dos Deputados.