São Paulo – Na era digital, onde dispositivos eletrônicos dominam o cotidiano, a poluição eletromagnética tornou-se uma preocupação crescente. A expansão das tecnologias sem fio – como Wi-Fi, celulares e wearables – está trazendo conveniência, mas também uma série de desafios à saúde. Estudos recentes, como os conduzidos pelo National Institutes of Health (NIH), destacam os efeitos prejudiciais da radiação eletromagnética, incluindo distúrbios do sono, aumento do estresse e dificuldades cognitivas.
Com dispositivos emitindo radiações 24 horas por dia, a exposição prolongada pode levar a efeitos cumulativos que incluem estresse oxidativo, redução da melatonina, perda de memória e até problemas reprodutivos. O problema se agrava com a popularização de tecnologias como wearables, que mantêm os usuários conectados constantemente.
Slowphone: um movimento por conexões mais saudáveis
Diante desse cenário, o Movimento Slowphone, fundado em 2020 no Brasil por Fabiano Lauser e Aline Gonçalves, busca conscientizar a sociedade sobre os impactos da poluição eletromagnética. A organização, que integra redes internacionais como a LATAMXTS e o Environmental Health Trust, promove campanhas educativas e ações práticas para reduzir a exposição às radiações.
Entre os principais projetos do Slowphone está o Cidadãos Cientistas, uma iniciativa que permite a cidadãos comuns medir campos eletromagnéticos em suas cidades. Os dados são inseridos em um mapa global, classificando os níveis de radiação e alertando para possíveis riscos.
Impactos na saúde e alertas dos especialistas
Especialistas como a pesquisadora canadense Magda Havas destacam que a radiação emitida por celulares e dispositivos sem fio, classificada pela OMS como “possivelmente cancerígena”, pode causar danos mesmo em níveis baixos. A exposição contínua está associada a uma série de problemas, incluindo:
- Distúrbios neurológicos: Dificuldades de concentração, irritabilidade e fadiga.
- Problemas cardíacos: Alterações na frequência cardíaca e pressão arterial.
- Impactos reprodutivos: Redução da fertilidade em homens e mulheres.
- Riscos para crianças: Maior vulnerabilidade devido ao estágio de desenvolvimento do sistema nervoso.
A luz azul emitida por telas de celulares e computadores também agrava os problemas ao afetar o ciclo do sono, diminuindo a qualidade do descanso e aumentando os níveis de cortisol, o hormônio do estresse.
Dicas práticas para reduzir a exposição
O Slowphone sugere medidas simples, mas eficazes, para minimizar os efeitos da poluição eletromagnética:
- Evite o Wi-Fi à noite: Desligue roteadores enquanto dorme.
- Use dispositivos cabeados: Priorize conexões com fio para internet e acessórios.
- Mantenha distância: Não durma com o celular ao lado da cama e ative o “modo avião” quando possível.
- Reduza o uso de wearables: Limite o uso de dispositivos como relógios inteligentes e fones sem fio.
- Desconecte antes de dormir: Evite telas pelo menos uma hora antes de ir para a cama.
- Adote despertadores analógicos: Substitua o celular por alarmes tradicionais para minimizar a exposição.
O debate sobre o 5G
A chegada do 5G trouxe novas preocupações. Com antenas mais próximas e frequências mais altas, especialistas alertam que os riscos à saúde podem aumentar, não apenas para humanos, mas também para a fauna local, como aves e insetos. Algumas cidades, como regiões da Argentina, já adotaram moratórias para o 5G, buscando mais estudos sobre seus impactos.
Consumo consciente e alternativas sustentáveis
Além de reduzir a exposição às radiações, o Slowphone incentiva práticas de consumo consciente, como apoiar marcas que priorizam sustentabilidade e saúde. A Fairphone, por exemplo, é uma marca europeia que fabrica celulares duráveis e éticos, alinhados às regulamentações de segurança.
Uma Nova Perspectiva de Conexão
A poluição eletromagnética é um desafio crescente em um mundo hiperconectado, mas mudanças práticas podem fazer a diferença. Desligar dispositivos, priorizar conexões com fio e passar mais tempo na natureza são medidas simples que ajudam a reduzir os efeitos da radiação e promovem uma vida mais equilibrada.
O Movimento Slowphone lidera essa conscientização no Brasil, mostrando que é possível adotar tecnologias de forma mais saudável e sustentável. Em um mundo que avança rapidamente para a conectividade total, desacelerar pode ser o primeiro passo para uma vida mais conectada consigo mesmo e menos dependente das telas.