O Conselho de Segurança das Nações Unidas realizará uma reunião extraordinária neste domingo (28), às 10h (horário de Nova Iorque), para discutir a intensificação dos confrontos no leste da República Democrática do Congo (RDC). A sessão, solicitada pela RDC por meio da França, contará com a participação de Bintou Keita, chefe da missão de manutenção de paz da ONU no país, a Monusco.
Conflitos e agravamento da crise
A situação na RDC se deteriorou significativamente nas últimas semanas, especialmente na região de Goma, onde confrontos entre o exército congolês e o grupo rebelde M23, apoiado pelo Ruanda, resultaram na morte de pelo menos 13 soldados de missões de paz internacionais. O grupo M23 intensificou seus ataques após o colapso da cúpula de paz programada para dezembro em Angola, que deveria reunir os presidentes da RDC, Félix Tshisekedi, e do Ruanda, Paul Kagamé.
A cidade de Minova, a 40 quilômetros de Goma, foi capturada pelo M23 em 21 de janeiro, cortando importantes vias de abastecimento para Goma, uma cidade de cerca de 2 milhões de habitantes.
Reações internacionais
O presidente francês, Emmanuel Macron, exigiu o fim imediato dos confrontos, juntando-se a apelos da União Africana e da União Europeia. Por outro lado, o Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de colaborar com as Forças Democráticas pela Libertação do Ruanda (FDLR), um grupo fundado por responsáveis pelo genocídio de 1994. A ONU confirmou a colaboração tanto do Ruanda com o M23 quanto do exército congolês com as FDLR, alimentando a tensão entre os países.
Diante da escalada, a RDC anunciou a retirada imediata de seus diplomatas de Kigali, aprofundando a crise diplomática com o governo ruandês.
Crise humanitária
Os combates têm agravado a já crítica situação humanitária no leste do Congo. Segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), 400 mil pessoas foram deslocadas apenas nas últimas três semanas, somando-se aos mais de 4 milhões de deslocados internos que vivem em condições precárias na região.
“As necessidades humanitárias são enormes”, afirmou Clémentine de Montjoye, pesquisadora principal da Human Rights Watch na África. Organizações humanitárias têm alertado para a falta de recursos básicos, como alimentos, abrigo e assistência médica, para atender à crescente demanda.
Perspectivas para a reunião da ONU
A reunião do Conselho de Segurança da ONU buscará discutir soluções para conter a escalada de violência e enfrentar a crise humanitária. Espera-se que medidas sejam tomadas para pressionar os envolvidos no conflito a buscar um cessar-fogo e retomar as negociações de paz.
Enquanto isso, a população do leste do Congo continua a enfrentar as consequências devastadoras de um conflito prolongado, que exacerba a instabilidade na região e agrava a tragédia humanitária.