O Brasil está assumindo um papel de destaque no mercado global de créditos de carbono, com projetos pioneiros que promovem a regeneração ambiental e fomentam o desenvolvimento sustentável. Com uma combinação única de biodiversidade, vastas áreas de reflorestamento e legislação favorável, o país se posiciona como uma das maiores potências no combate às mudanças climáticas.
Os créditos de carbono são certificados que representam a redução ou remoção de uma tonelada de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera. Eles são gerados a partir de projetos sustentáveis, como:
- Reflorestamento: Plantio de árvores que capturam CO₂.
- Eficiência Energética: Redução no consumo energético em processos industriais.
- Energia Renovável: Substituição de combustíveis fósseis por fontes como solar e eólica.
Esses créditos podem ser negociados no mercado global, permitindo que empresas e países compensem suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e cumpram metas climáticas.
O papel do Brasil no mercado de créditos de carbono
Com potencial para capturar até 700 milhões de toneladas de CO₂ por ano, o Brasil representa cerca de 30% do potencial global de reflorestamento. Recentemente, a Lei 15.042/2024 criou um marco regulatório para o mercado de carbono, garantindo segurança jurídica e atraindo investidores para iniciativas sustentáveis.
Estima-se que o Brasil possa gerar até US$ 120 bilhões até 2030 com a comercialização de créditos de carbono, consolidando-se como um dos principais fornecedores globais. Além disso, o país está alinhado com práticas globais de monitoramento, transparência e precificação de carbono, elementos essenciais para competir internacionalmente.
Parcerias sustentáveis: Agro Penido e Re.green
Um dos exemplos mais promissores de projetos no Brasil é a parceria entre a re.green e a Agro Penido, que restaurará 600 hectares de floresta amazônica em Querência (MT). A iniciativa integra lavouras e Áreas de Proteção Permanente (APP), promovendo a recuperação de áreas não utilizadas há mais de uma década.
O CEO da re.green, Thiago Picolo, destaca a relevância do projeto: “Parcerias como essa mostram que a diversificação de receitas dentro da mesma propriedade com o mercado de carbono é mais que possível, é uma realidade.”
A re.green gerencia todas as etapas da restauração, desde a preparação do solo até o monitoramento e a manutenção das áreas, garantindo a geração de créditos de carbono que remuneram os proprietários rurais. Além disso, o projeto protege o ecossistema do Parque Xingu, uma área vital para a biodiversidade e as culturas indígenas.
Impacto econômico e social
Os projetos de crédito de carbono no Brasil vão além da mitigação das mudanças climáticas, contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico e social:
- Receitas: O mercado pode captar até 37,5% da demanda global no mercado voluntário.
- Empregos: A criação de novas oportunidades em regiões de baixa renda fortalece economias locais.
- Bioeconomia: A comercialização de créditos estimula práticas agrícolas e industriais sustentáveis.
O exemplo da Agro Penido reflete esse impacto positivo. Além de restaurar áreas degradadas, o projeto incentiva a criação de valor econômico através da biodiversidade e do pagamento por serviços ambientais. Caio Penido, fundador do movimento Liga do Araguaia, afirma: “Espero que nossa parceria sirva de exemplo para que outros produtores vejam o crédito de carbono como uma nova commodity, agregando valor à agricultura, pecuária e floresta.”
Iniciativas de destaque
A Agro Penido é pioneira em práticas agroambientais, integrando o movimento Liga do Araguaia, que reúne 60 pecuaristas do Mato Grosso em prol de uma agropecuária de baixo carbono. A iniciativa Carbono Araguaia é um exemplo de como combinar produção sustentável e geração de créditos de carbono.
Além disso, a re.green lidera esforços em larga escala para restaurar florestas biodiversas na Amazônia e Mata Atlântica. Com mais de 12.000 hectares em processo de recuperação, a empresa demonstra como ciência, inovação e parcerias podem transformar o mercado ambiental brasileiro.
Desafios e oportunidades
Embora o Brasil esteja em posição privilegiada, ainda enfrenta desafios:
- Regulamentação: É crucial implementar um mercado regulado robusto para competir com países como China e União Europeia.
- Transparência: Monitorar e garantir a rastreabilidade dos créditos é essencial para atrair investidores internacionais.
- Inovação: Tecnologias emergentes, como a captação direta de carbono (DAC), podem ampliar ainda mais o potencial brasileiro.
Por outro lado, o Brasil possui vantagens únicas. Suas florestas tropicais, como a Amazônia, são fundamentais para a captura de carbono, enquanto iniciativas como o movimento Liga do Araguaia demonstram a viabilidade de práticas sustentáveis em larga escala.
Oportunidade estratégica para o Brasil
Com regulamentação adequada, inovação tecnológica e parcerias sólidas, o Brasil está bem posicionado para liderar o mercado global de carbono, contribuindo para um futuro mais sustentável e resiliente.